Fama de ‘lavajatista’ explica resistência do Senado a André Mendonça no Supremo

André Mendonça foi indicado para o Supremo há mais de três meses, mas ainda não foi sabatinado

Na quarta-feira, 13, a indicação do ex-ministro da Advocacia-Geral da União (AGU) André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF) completou três meses na gaveta do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e responsável pela escolha da data da sessão. Na última semana, a pressão ao parlamentar do DEM se intensificou. Depois da cobrança ostensiva feita pelo pastor Silas Malafaia, uma das lideranças evangélicas mais engajadas na aprovação do nome, o presidente Jair Bolsonaro disse, em entrevista exclusiva ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, que o amapaense tem feito “uma verdadeira tortura” contra o postulante à Corte. Em uma manifestação enviada recentemente ao Supremo, Alcolumbre destacou que a não realização da sabatina indica falta de consenso na Casa, mas quem acompanha de perto as negociações afirma que a fama de “lavajatista” de Mendonça é o principal entrave para o “terrivelmente evangélico”.

Segundo relatos feitos à Jovem Pan, nas conversas que teve com os senadores, André Mendonça foi questionado, mais de uma vez, sobre uma reunião que teve com a força-tarefa da Operação Lava Jato de Curitiba em fevereiro de 2019. O encontro do ex-AGU com os procuradores veio à tona após a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregar ao STF mensagens trocadas entre o procurador Deltan Dallagnol com colegas, conteúdo apreendido em arquivos da chamada “Vaza Jato”. O caso foi inicialmente revelado pela coluna da jornalista Mônica Bergamo, no jornal Folha de S. Paulo. Um dos tópicos tratados na ocasião, segundo ata divulgada, foi a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância – assunto caro à classe política. Em nota, Mendonça afirmou que a agenda foi pública e “marcada institucionalmente para resolver questões relacionadas à destinação de valores e ao encontro de contas entre acordos de leniência”. Sempre que confrontado sobre seu suposto perfil lavajatista, Mendonça afirma que não há espaço para uma agenda “punitivista”. O respeito aos direitos e garantias individuais, ressalta o ex-AGU, está intimamente ligado à preservação do Estado de Direito.


Fonte: Jovem Pan

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