Filiação de Bolsonaro ao PL esbarra em alianças da sigla no Norte e no Nordeste

Alianças do PL causam 'saia-justa' a Bolsonaro em diversos Estados, como São Paulo, Amazonas, Alagoas e Piauí

O casamento do presidente Jair Bolsonaro com o Partido Liberal (PL) esbarra não apenas no acordo da sigla com o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), candidato de João Doria (PSDB) ao Palácio dos Bandeirantes. Nas regiões Norte e Nordeste, integrantes da legenda querem manter acordos com o PT e o MDB, por exemplo, e ameaçam deixar a agremiação comandada por Valdemar Costa Neto, preso e condenado no escândalo do Mensalão, caso a direção nacional exija total alinhamento ao mandatário do país. O caso de São Paulo é o mais complexo, avaliam integrantes do PL ouvidos pela Jovem Pan. No maior colégio eleitoral do país, os liberais têm um acordo para apoiar a candidatura de Rodrigo Garcia à sucessão do governador João Doria, um dos principais adversários políticos de Bolsonaro. Internamente, a possibilidade da costura ser desfeita é tida como impossível, uma vez que Costa Neto é conhecido por ser um homem de palavra. Em outros Estados, a possível filiação do presidente da República também deve causar desgastes. Deputado federal pelo Amazonas, o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), que declarou oposição ao governo federal, já afirmou em seu perfil no Twitter que o eventual casamento entre PL e o chefe do Executivo “não é uma situação cômoda”.

No Piauí, o PL tem uma aliança selada com o governador Wellington Dias (PT), que deve lançar o seu secretário da Fazenda, Rafael Fonteles, ao governo do Estado. A Jovem Pan teve acesso a um vídeo enviado por Valdemar Costa Neto a dirigentes piauienses da sigla. “No Estado do Piauí, o PL fará a coligação que melhor lhe convier para o governo do Estado, para senador. Temos absoluta confiança no nosso pessoal. Queremos que o nosso partido cresça”, diz o mandachuva do partido. “No Piauí, o PL criou uma das melhores chapas para federal e estadual e nós vamos ter sucesso. Por isso, eles têm que ter liberdade para fazer as coligações que melhor convierem ao partido”, acrescenta. “[Quando o assunto da filiação de Bolsonaro parecia resolvido] Fomos dizer ao Valdemar que no Piauí estávamos alinhados com o PT, mas que isso não nos impedia de votar com o governo no Parlamento. O PL tem esse alinhamento com o PT para 2022, a nível estadual. Fizemos essa explicação e o Valdemar nos deu a garantia de que teremos essa autonomia”, disse à Jovem Pan o deputado federal Fábio Abreu (PL-PI). “Para mim, hoje está mais para [a filiação] não ocorrer, porque há muitas situações complicadas”, avalia.


Fonte: Jovem Pan

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