Goleiro que tirou Mundial do Palmeiras sentiu pena de Marcos, ‘mergulhou’ na cocaína e hoje é comentarista

O goleiro Bosnich em ação na final de 1999 entre Manchester United e Palmeiras

O Palmeiras começa a busca pelo título inédito do Mundial de Clubes neste domingo, 7, quando enfrenta o Tigres (México), no confronto válido pela semifinal do torneio da Fifa, no Catar. O clube alviverde, entretanto, poderia estar almejando a sua segunda taça caso Mark Bosnich não estivesse tão inspirado naquela decisão do dia 30 de novembro de 1999, quando o Manchester United superou o Verdão por 1 a 0, no Estádio Olímpico de Tóquio, no Japão. Apesar de o meio-campista Roy Keane ter feito o gol decisivo na falha de Marcos, foi o arqueiro australiano quem ficou conhecido como o principal algoz do time brasileiro pelas várias defesas difíceis que praticou ao longo da final.

Bosnich havia sido contratado pela equipe de Manchester em julho de 1999, depois de anos de sucesso no Aston Villa, com a missão de substituir Peter Schmeichel, ídolo que deixou o Old Trafford após a conquista da Liga dos Campeões da Europa. No Mundial de Clubes do Japão, o australiano não decepcionou e viveu o seu melhor momento com a camisa dos Diabos Vermelhos. “Pessoalmente, essa foi uma das minhas melhores apresentações pelo United. O Palmeiras teve boas chances de perto, e em todas eu saí rapidamente para fazer a defesa”, disse o goleiro em depoimento ao site do United. “Eu realmente senti pena do goleiro deles quando ele errou um cruzamento no primeiro tempo. Keane fez o gol nos colocou na frente. Depois disso, eles foram agressivos. Tive a sorte de ter nomes como Jaap Stam e Henning Berg na minha frente, o que também fez uma grande diferença. Quando você está em situações em que os adversários continuam e continuam chegando, não há muito o que um goleiro pode fazer. Eu tive muita sorte de jogar atrás daqueles dois. Você treina toda a sua vida para esse tipo de situação, então, quando elas surgem nos maiores jogos, tem uma verdadeira sensação de satisfação. Não durante o jogo. Mas depois você pode relaxar e aproveitar o momento. Foi uma experiência fantástica sair daquele campo sabendo que fazia parte do melhor clube do mundo.”

Além de ter parado o meio-campista Alex quando o jogo estava com o placar zerado, o goleiro suportou a pressão do Palmeiras no segundo tempo, fazendo intervenções importantes diante de Oséas e Asprilla, garantindo o troféu para os comandados de Alex Ferguson. Bosnich, porém, não conseguiu se consolidar no United na temporada seguinte, perdendo espaço após a chegada de Fabien Barthez, arqueiro que chegou ao Old Trafford consagrado por ter levantado a taça da Copa do Mundo de 1998 com a seleção francesa e também pelos cinco anos no Monaco. Para piorar, o australiano, já conhecido por suas polêmicas extracampo nos tempos de Aston Villa, virou terceiro goleiro de Alex Ferguson, treinador que, posteriormente, revelou que o australiano exagerava nas comidas de fast-food e era um “péssimo profissional”.

Insatisfeito com o status de reserva no Manchester United, Bosnich aceitou a proposta do Chelsea e se mudou para a cidade de Londres no começo de 2003. O goleiro, contudo, acabou sofrendo algumas lesões, atuando em apenas sete partidas com a camisa dos “Blues”. A situação do arqueiro no clube londrino ficou insustentável quando ele foi flagrado no antidoping por uso de cocaína. Anos mais tarde, o algoz do Verdão admitiu o vício e recordou que John Terry, um dos maiores ídolos da história do Chelsea, tentou afastá-lo das drogas. “John notou o meu problema e tentou me ajudar. Desisti não só do futebol, mas de mim mesmo, o que era errado e muito perigoso — digo isso agora sempre que vou falar com crianças. Eu não era tão fácil de lidar. Portanto, posso entender que as pessoas provavelmente pensaram: ‘Deixe-o, ele não quer ouvir de qualquer maneira’. Tive a sorte de sair dessa, caso contrário não estaria muito bonito se você estivesse falando comigo agora”, contou em entrevista à revista “FourFourTwo”, em 2019.


Fonte: Jovem Pan

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