O governo federal anunciou, na noite desta segunda-feira, 28, a indicação do economista Adriano Pires para a presidência da Petrobras. A mudança precisa ser confirmada pela Assembleia-Geral dos acionistas da estatal, que ocorrerá no dia 13 de abril. O atual comandante da empresa, general Joaquim Silva e Luna, foi informado nesta segunda da decisão do presidente Jair Bolsonaro de tirá-lo do cargo. Em nota, o Ministério de Minas e Energia afirma, ainda, que o mandatário do país indicou o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, para o exercício da Presidência do Conselho de Administração da petroleira.
“O Ministério de Minas e Energia participa que consolidou a relação de indicados do Acionista Controlador para compor o Conselho de Administração da Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras, a ter efeito a partir da confirmação pela Assembleia Geral Ordinária, que ocorrerá em 13 de abril de 2022. A relação apresenta o Sr. Rodolfo Landim para o exercício da Presidência do Conselho de Administração e o Sr. Adriano Pires para o exercício da Presidência da Empresa. O Governo renova o seu compromisso de respeito a sólida governança da Petrobras, mantendo a observância dos preceitos normativos e legais que regem a Empresa”, diz um trecho da nota divulgada à imprensa.
A saída de Silva e Luna do comando da Petrobras ocorre na esteira de semanas de fortes críticas públicas de Bolsonaro à política de reajuste de preços dos combustíveis. No dia 10 de março, a estatal anunciou a elevação dos preços nas refinarias da gasolina (18,8%), diesel (24,9%) e gás de cozinha (16,1%). O aumento ocorreu em meio à disparada do barril de petróleo do tipo Brent, usado como referência para a formulação dos preços, em reflexo das incertezas no mercado geradas pela guerra no Leste Europeu. O general da reserva do Exército assumiu o cargo no lugar de Roberto Castello Branco, demitido em fevereiro do ano passado também em meio uma crise aberta com o governo federal por reajustes nos combustíveis. Ele estava no comando da estatal desde 2019 por indicação do ministro da Economia, Paulo Guedes.
O mega-aumento da Petrobras foi duramente criticada por Bolsonaro, que afirmou em diversas oportunidades que a política de preços da estatal deveria ser revista, apesar de afirmar que não iria intervir no comando da empresa. Desde 2016, a Petrobras mantém o preço de paridade de importação (PPI), que usa a cotação do barril tipo Brent e o patamar do dólar para formular o preço interno. O chefe do Executivo chegou a falar que a diretoria da Petrobras “só pensa neles” e que a empresa deveria ser privatizada. “Muita gente me critica, como se eu tivesse poderes sobre a Petrobras, não tenho poderes sobre a Petrobras. Para mim, é uma empresa que poderia ser privatizada hoje, ficaria livre deste problema. E a Petrobras se transformou na Petrobras Futebol Clube, onde o clubinho lá de dentro só pensa neles, jamais pensam no Brasil”, disse no dia 16 deste mês.
A mudança nos preços foi anunciada um dia antes de o Congresso aprovar uma série de medidas com alvo na queda do preço dos combustíveis. “Foi feito um contato com a Petrobras, porque chegou para a gente que eles iam reajustar na quinta-feira da semana passada, e foi feito um pedido para que deixassem para o dia seguinte. Eles não nos atenderam. Nós não podemos interferir nos preços da Petrobras. Se pudesse, as decisões seriam outras”, enfatizou Bolsonaro, que descreveu o aumento praticado pela empresa como um “crime contra a população”.