Nesta quarta-feira, 14, o Pânico recebeu o ex-secretário de Desestatização do governo Bolsonaro. Salim Mattar, que também é presidente da rede de aluguel de automóveis Localiza, saiu de seu cargo em agosto de 2020 por insatisfação. Em entrevista, ele afirmou que teve expectativas frustradas acerca da agenda de privatizações prometidas por Jair Bolsonaro em campanha. “O governo ficou no discurso, me decepcionei. (…) Eu fui para o governo porque surgiu o discurso do candidato Bolsonaro que era liberal, ele falava sobre reduzir o tamanho do Estado e principalmente em tirar o Estado do cangote do cidadão. Ele trouxe o Paulo Guedes e eu acreditei. Mas o que teve até agora?” Mattar disse que, apesar de sua admiração pelo Ministro da Economia, não o reconhece mais em seu cargo. “O Paulo Guedes é um sujeito inteligente, brilhante, uma cabeça fora do comum, mas o liberal que eu conheço não é este que está no governo.”
O empresário opinou que o governo acertou na privatização da Eletrobras: “Ainda que o governo tenha que pagar para privatizar a Eletrobras, será mais barato para nós cidadãos pagadores de impostos.” Salim apostou na união dos empresários pela política do Brasil. Para ele, a classe empresarial se afastou, mas deve retomar sua participação nas grandes decisões políticas nacionais. “Tantos eram os problemas brasileiros que os empresários ficaram focados em seus negócios, mas naquele momento que eles focaram no negócio, abandonou-se e delegou-se que os políticos tomassem conta do país. O resultado é esse: o afastamento da classe empresarial em relação ao caminho que o país está trilhando para o futuro. Ainda há tempo dos empresários se envolverem na política, é preciso mais empresários, precisamos participar desse processo.”
Salim Mattar refletiu ainda que os problemas vividos hoje no país são frutos do fortalecimento dos Três Poderes e de uma abertura política desorganizada com a constituição pós-ditadura militar. “Essa situação toda começou em 85, com o período de redemocratização e é muito pouco abordado pela imprensa. Os sociais-democratas assumiram e em 88 fizeram a Constituição nova. Isso tudo que estamos passando é consequência de 35 anos de governo de centro-esquerda, governos que não deram certo e uma constituição que gerou essa ingovernabilidade. Por isso nós temos esse estado gigantesco, muita gente prejudicada. (…) Eu sou conhecido como o cara das privatizações, mas sou favorável a desprivatização do Estado, que foi privatizado pelo establishment. O Executivo, Legislativo e Judiciário privatizaram o Estado.”