Líderes da Europa sabiam que empresas sediadas em seus países eram compradoras de madeira extraída de forma ilegal da região Amazônica. A informação foi repassada por autoridades brasileiras durante a visita de três dias que embaixadores fizeram à Amazônia, no início deste mês. A missão foi liderada pelo vice-presidente Hamilton Mourão, que também é presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, e contou com a participação de autoridades da Espanha, Suécia, Alemanha, União Europeia, Reino Unido, França e Portugal. Representantes da África do Sul, Peru, Canadá e Colômbia também participaram do encontro. A comercialização de madeira ilegal foi desarticulada pela Operação Arquimedes, deflagrada pela Polícia Federal, em parceria com o Ibama e Ministério Público Federal (MPF), em 2017, que identificou uma série de comerciantes de países na Europa, América do Norte e Ásia como integrantes do esquema.
Segundo o procurador Leonardo Galiano, responsável pela operação no MPF do Amazonas, as autoridades brasileiras procuraram os representantes estrangeiros para trabalharem juntos na fiscalização e responsabilização dos envolvidos. “Já identificamos as empresas e os países que são sede para, por meio da cooperação jurídica internacional, fornecer esses elementos aos estados estrangeiros que queiram promover a responsabilização desses compradores, à exemplo que o Brasil fez com os vendedores”, afirmou à Jovem Pan. O procurador não confirmou se todos os países representados na comitiva são base para as empresas investigadas pela Operação Arquimedes, mas que os que foram notificados ainda não deram retorno. “Ainda não recebemos demonstração de interesse, mas estamos inteiramente à disposição e esperançosos que essa via com os países europeus seja formalizada.”
A cooperação proposta aos líderes da Europa é a mesma que o MPF e a Polícia Federal mantêm com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. O trabalho começou em 2018, após a identificação de que comerciantes norte-americanos estavam importando madeira extraída de forma clandestina da Floresta Amazônica. A união de esforços visa a repatriação de madeira exportada ilegalmente aos EUA e a troca de informações entre as autoridades dos dois países. “Quem compra essa madeira não são os países, mas empresas que precisam ser identificadas e responsabilizadas nos termos da legislação vigente”, afirma Galiano. Além dos Estados Unidos, os órgãos brasileiros estão buscando cooperação com países vizinhos que também combatem a exploração e comercialização de madeira extraída de forma ilegal.
Fonte: Jovem Pan