Guatemala: manifestantes pedem renúncia do presidente e incendeiam Congresso

Policial trabalha na dispersão dos responsáveis pelo incêndio e pela vandalização no Congresso Nacional da Guatemala

Neste sábado, 21, milhares de manifestantes protestaram contra o presidente da Guatemala, Alejandro Giammattei, em frente ao Palácio Nacional da Cultura. A menos de um quilômetro dali, cerca de cem pessoas encapuzadas incendiaram o Congresso Nacional até a chegada da Polícia Civil, que utilizou bombas de gás lacrimogênio para dispersar a multidão e permitir que os bombeiros pudessem apagar o fogo. Segundo informações da imprensa local, houve pelo menos 37 prisões e 22 feridos, sendo que nenhuma autoridade pública estava dentro do edifício no momento do ataque.

A revolta teve origem na quarta-feira, 18, quando o Congresso Nacional aprovou um orçamento de 99,7 bilhões de quetzais, o equivalente a 68,9 bilhões de reais, para atender interesses particulares dos grupos que estão no poder. Enquanto reduziam o montante destinado aos hospitais e à educação, os parlamentares destinavam o dinheiro para alimentar a si próprios e construir um novo edifício. O orçamento, que seria financiado através do aumento da dívida pública, causou revolta na população, composta 59,3% por cidadãos que vivem em situação de pobreza. Levantamentos indicam, ainda, que metade das crianças com menos de 5 anos sofrem de desnutrição no país.

Os protestos contra o presidente Alejandro Giammattei acontecem em um contexto de falta de transparência sobre a maneira com que o governo está utilizando os recursos destinados ao combate da Covid-19 e algumas semanas depois do país da América Central ser atingido pelo furacão Eta, que deixou pelo menos 60 mortos e dezenas de pessoas desaparecidas na Guatemala. Além disso, há anos a nação sofre com o chamado “pacto dos corruptos”, uma aliança entre os políticos, o setor privado e as máfias do narcotráfico que levou o ex-presidente Otto Pérez Molina a renunciar em 2015.


Fonte: Jovem Pan

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