Ida de Ciro Nogueira para a Casa Civil não melhorou relação do governo com o Senado, dizem senadores

Quando o presidente Jair Bolsonaro escolheu o senador Ciro Nogueira (PP-PI) como ministro-chefe da Casa Civil, auxiliares presidenciais apostavam que a ida de um dos principais líderes do Centrão para o coração do governo conteria os arroubos do chefe do Executivo federal e melhoraria a relação do Palácio do Planalto com os senadores. Um mês depois da posse de Nogueira, parlamentares ouvidos pela Jovem Pan avaliam que nada mudou – a situação, inclusive, se deteriorou. Apesar do desgaste, os congressistas afirmam que, atualmente, o titular da pasta está mais empenhado em reconstruir as pontes entre os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em razão da troca de farpas recente entre os chefes do Legislativo, do que aproximar Bolsonaro e seus ministros dos integrantes da Casa Alto do Congresso Nacional.

“Nunca houve essa ilusão de que haveria mudança na relação do governo com o Senado. Não seria a presença do senador Ciro Nogueira na Casa Civil que alteraria esse cenário de Centrão no comando. Os resultados são os mesmos de antes. O governo se fragiliza e encontra cada vez mais dificuldade. O governo é fraco, as pesquisas indicam, e isso dificulta o comando. De nada adianta buscar um parlamentar para ocupar a Casa Civil, se o presidente é o mesmo. Os arroubos contribuem, sem dúvida, para esse desgaste. A distribuição seletiva de recursos impõe facilidade para um lado [Câmara] e dificuldade do outro [Senado]. Há uma rejeição a esse tipo de procedimento por parte da grande maioria dos senadores”, disse à Jovem Pan o senador Alvaro Dias (Podemos-PR), líder do partido. Como a Jovem Pan mostrou, a animosidade entre Planalto e Senado tem causado um efeito prático: a base de apoio a Bolsonaro na Casa está minguando. “Até pouco tempo, diria que tínhamos 70% dos senadores alinhados às propostas do governo. Caiu para 55%, 50%. A base reduziu pela falta de diálogo. Pode voltar ao que era, mas depende da boa vontade do governo”, afirmou à reportagem o senador Carlos Viana (PSD-MG), vice-líder do governo no Senado.


Fonte: Jovem Pan

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