Donald Trump se tornou o primeiro presidente da história dos Estados Unidos a sofrer dois processos de impeachment em um mesmo mandato. Nesta quarta-feira, 13, a maioria dos membros da Câmara dos Deputados votou a favor da medida, que acusa Trump de “incitação à insurreição” após a invasão do Capitólio no último dia 6. Na ocasião, o presidente incentivou os seus apoiadores a marcharem rumo ao edifício-símbolo da democracia norte-americana para interferir na cerimônia que oficializaria a vitória de Joe Biden nas eleições. O resultado da votação na Câmara dos Deputados já era esperado, visto que a maioria dos seus congressistas pertence ao Partido Democrata. No entanto, surpreenderam os dez republicanos que foram contra os seus colegas de partido e votaram a favor do impeachment, indicando que existe uma cisão dentro do grupo. Além disso, nenhum republicano fez um discurso defendendo Trump das acusações: os congressistas que votaram contra a medida justificaram apenas que ela causaria um aprofundamento da divisão política do país.
A mesma Câmara dos Deputados também votou pelo impeachment do presidente Donald Trump em dezembro de 2019, dessa vez por “abuso de poder” e “obstrução do Congresso”. Na época, as acusações giravam em torno de uma ligação tornada pública entre o chefe do governo dos Estados Unidos e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Na conversa, o republicano tentava persuadir o ucraniano a interferir nas eleições de 2020 ao seu favor, desenterrando escândalos envolvendo o filho de Joe Biden, Hunter Biden. Apesar das evidências acusatórias, Trump acabou sendo absolvido pelo Senado em fevereiro de 2020 porque a maioria do Senado pertencia ao Partido Republicano. Na época, Mitt Romney foi o único republicano a votar a favor do afastamento do presidente.
Decisão do Senado sobre segundo impeachment de Trump é incerta
Nesse segundo impeachment, a situação pode ser um pouco diferente. Como de costume, a Câmara dos Deputados nomeará os responsáveis por apresentar a acusação contra Trump, enquanto o presidente deverá organizar a sua própria equipe de defesa. Não se sabe quando a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, encaminhará o processo para o Senado, que está atualmente em recesso. Mas é possível que, para ter uma votação mais favorável, ela aguarde pelo menos até o dia 20, quando a posse de Joe Biden marcará também uma mudança na Casa.
Nas últimas eleições, os senadores democratas Jon Ossoff e Raphael Warnock conseguiram a vitória na Geórgia, um reduto antes dominado pelos republicanos. Dessa forma, o Senado ficará dividido igualmente entre o Partido Democrata e o Partido Republicano. Após as audiências, é preciso que dois terços do parlamento votem a favor da acusação. Na teoria, isso significa que 17 republicanos deveriam romper com Trump para condená-lo. Além de alguns senadores republicanos já terem sinalizado sua intenção de votar a favor do impeachment, um empate seria resolvido pelo voto de minerva da vice-presidente de Joe Biden, Kamala Harris, que deve fazer a balança pender para a punição de Donald Trump.
Fonte: Jovem Pan