O Brasil reúne por ano cerca de 20 milhões de jovens para disputar a olimpíada de matemática das escolas brasileiras. Quase 10% da população total. O país está nas últimas colocações no programa internacional de avaliações de alunos, que mede o desempenho de diversas nações em matérias como matemática e ciência na educação básica. A última edição, em 2018, reuniu 79 países. Na área de matemática, o Brasil ficou em 69º, com uma nota média de 384 pontos contra a média de 489 pontos da Organização pra Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Gesner de Oliveira, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), diz que além do problema estrutural, a sociedade brasileira precisa acordar para a educação. “Ou nós oferecemos uma educação de qualidade para as crianças e para toda a população, para os adolescentes, para os adultos, ou esse país não vai sair do lugar. Ou pior, vai retroceder”, afirma.
A falta de solidez acadêmica reflete na má formação profissional. Quando falamos de emprego, o país não consegue formar 70 mil especialistas por ano para atender a demanda do mercado de tecnologia da informação, por exemplo, mesmo com a oferta de salários elevados. O Brasil formou menos de uma uma pessoa a cada 10 mil habitantes na área de ciências naturais, matemática e estatística contra três pessoas na média da OCDE. Thiago Piassum, sócio-fundador da Marco Investimentos, diz que as empresas precisam motivar os jovens. De sua parte, vai oferecer dez bolsas de estudos para os alunos que participarem das olimpíadas de matemática no ano que vem. “A gente acredita que, se as pessoas que não tem condições forem premiadas por estudar matemática, isso gera uma escala de mudança na sociedade bacana, quando vê outro empresário tem a mesma ideia, como nós temos um ecossistema grande de empresas e nós trabalhamos com pessoas com um capital monetário muito superior à média do brasileiro, talvez a gente consiga, dando o exemplo, ter uma uma meta ousada de ter 500 bolsistas até 2025”, disse. A cidade de Cocal do Alves, no Piauí, de seis mil habitantes e onde o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é considerado muito baixo, conquistou 45 das 92 medalhas ganhas pelo Estado na olimpíada de matemática das escolas brasileiras. Isso serve de exemplo e motivação para o país e sinaliza para os gestores que investir em educação é um caminho sem volta para reduzir o abismo que existe entre a matemática e o jovem brasileiro.
Fonte: Jovem Pan