Nesta terça-feira, 8, o programa Morning Show, da Jovem Pan, recebeu a deputada estadual Isa Penna (PSOL-SP). Em entrevista, ela descreveu o momento no qual o deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP) a consultou para saber da gravidade de seus áudios vazados sobre mulheres da Ucrânia. Segundo a parlamentar, Mamãe Falei tinha dúvidas se havia sido ‘moleque’ ou machista. “Ele coloca as mulheres ali como uma presa, como se fosse uma caça. Ele tinha dúvida, ele falou exatamente que queria meu parecer. Eu acho um absurdo. Não tem empolgação que justifique aquilo. Não foi moleque, é um homem de 35 anos, deputado estadual. E mesmo os moleques de 15 e 16 anos teriam prestado o mínimo de solidariedade com aquelas mulheres. Eles estavam ali querendo usar aquelas mulheres”, afirmou Isa. “Ele tinha que renunciar e passar uns meses refletindo sobre os erros dele para ver se ele voltaria para a política. É de um nível tão nojento que eu acho que tudo que ele conquistou até agora ele vai desidratar.”
Após a repercussão dos áudios, Mamãe Falei teve pedidos de cassação de mandato na Assembleia Legislativa. A sua pré-candidatura pelo Podemos ao governo de São Paulo foi retirada. No entanto, para Isa Penna, a Alesp enfrentará inconsistências se cassar Arthur do Val após dar punição de seis meses para Fernando Cury (Cidadania-SP) por assédio físico. “A gente precisa lembrar que não faz muito tempo que a Alesp passou por um caso de assédio físico: fui assediada pelo deputado Fernando Cury. Se a mesma cumplicidade machista prevalecer, a Alesp vai ficar numa situação difícil. Como se explica um assédio físico ter seis meses de punição e um áudio ter cassação?”, questionou. “É isso que o Arthur tende a usar, na minha opinião, de forma oportunista. A diferença do Fernando Cury para o Arthur é que ele era base do governo. Teve proteção, cumplicidade e manobra de deputados poderosos da Casa. Arthur é um parlamentar isolado. Fernando Cury era base do governo, o Arthur não é.”
Segundo Isa Penna, Arthur foi aconselhado por aliados a renunciar ao cargo. “Alguns deputados próximos a ele disseram que estavam em contato para tentar fazer com que ele renunciasse. Hoje de manhã vi que ele disse que vai lutar até o fim. Não importa o que o deputado Arthur diga, o que ele falou configura crime. Inclusive quando ele fala que vai voltar em um país pós-guerra para mulheres em situação ainda mais vulnerável, que tiveram seus maridos, filhos, casas e carreiras destruídas, para fazer turismo sexual”, disse. Para a deputada, a imprensa tem um papel importante para a conclusão do processo de cassação. “No meu caso a gente teve repercussão internacional, é evidente que foi menor, mas, quando os holofotes saírem, todos ficam mais à vontade para fazer os conchavos. Acho que está em aberto. Ele sendo cassado, a gente com certeza vai querer rever o posicionamento da Alesp em relação ao caso que a gente viveu. Com as mulheres brasileiras não se pode ter menos respeito do que por outras. Nesse momento, a prioridade é pela cassação do Arthur e pelo fora Arthur”, concluiu.