O primeiro de julgamento dos acusados pelo incêndio da Boate Kiss começou na manhã desta quarta-feira, 1, com o sorteio dos jurados, sendo seis homens e uma mulher, no Foro Central de Porto Alegre. O júri ocorre na capital gaúcha a pedido de um dos réus, que alegou possível parcialidade dos jurados, caso a sessão ocorresse em Santa Maria, cidade onde ocorreu a tragédia em janeiro de 2013. Os réus Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, sócio da Boate Kiss, entraram pelos fundos, sem falar com a imprensa, junto com o músico Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda que tocava no dia do incêndio. O produtor do grupo, Luciano Bonilha Leão, foi o primeiro a chegar e teve um ataque de nervos, quando começou a gritar que “não era um assassino” e precisou de ajuda médica. O primeiro depoimento foi de Kátia Giane Pacheco Siqueira, ex-funcionária da Kiss e uma das sobreviventes da tragédia. Ela contou que não havia orientação do local sobre casos de evacuação por incêndio, disse que era comum o uso de artefatos pirotécnicos, principalmente em garrafas de bebidas e falou sobre obras na boate.
“Tinham bandas que usavam [artefatos] e também o pessoal que comprava espumante às vezes colocava esses artefatos e saía pelo bar. [A boate tinha passado por reforma?] Sim, a última reforma tinha acontecido na semana anterior. Tinham clientes que reclamavam do andar de baixo, que os lances de escada eram ruins. Quando as pessoas estavam bêbadas acabam caindo e se machucando. Então eles elevaram o piso para facilitar, fora as reformas que tinham em outros bares”, falou em depoimento. Ao todo, serão ouvidas 20 testemunhas no julgamento, sendo 14 sobreviventes e seis da defesa. No total, o julgamento deve durar dez dias. Os réus respondem por 242 homicídios simples, com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, e 636 tentativas. A sessão desta quinta-feira, 2, começa às 9h e vai até as 23h.
Fonte: Jovem Pan