‘Julgamento está sendo feito às escondidas, como se STF estivesse envergonhado’, diz Joaquim Falcão

Para Joaquim Falcão, julgamento não deveria estar ocorrendo em plenário virtual

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) julgam, no plenário virtual, a ação do PTB que questiona a possibilidade de reeleição dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Até o momento, sete ministros votaram. O relator, Gilmar Mendes, foi seguido pelos ministros Dias Toffoli, Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski, no sentido de permitir a recondução de Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), respectivamente. O ministro Nunes Marques acompanhou Mendes, mas ressalvou que a autorização não deve valer para parlamentares que estão em segundo mandato ou que venham a se reeleger – o voto beneficia apenas Alcolumbre. Os ministros Marco Aurélio Mello e Cármen Lúcia votaram contra a reeleição. Para Joaquim Falcão, advogado constitucionalista, professor da FGV e membro da Academia Brasileira de Letras, o julgamento em plenário virtual indica um STF “envergonhado” de ter que decidir sobre uma questão que envolve o Congresso Nacional.

“O nosso sistema de poder está doente e, nesse caso, há uma série de sintomas: essa ação foi pautada para julgamento depois das eleições municipais, quase que discretamente, quando temos uma série de outras questões mais importantes. Reformas que precisamos, liberdades que precisamos assegurar. Mas o Supremo coloca em pauta uma questão interna de outro Poder. Pautar é um ato livro da Corte, mas não foi gratuita essa escolha. Deve ter havido algum entendimento para se pautar isso. Em segundo lugar, o julgamento está sendo feito em plenário virtual. O ministro Alexandre de Moraes [que votou favoravelmente à reeleição], por exemplo, não expôs seus argumentos, disponibilizou apenas o entendimento de seu voto. Ou seja: é uma votação decisiva para o país mas que está sendo feita quase que às escondidas. Deveria ser feito abertamente, no plenário. É como se o Supremo estivesse envergonhado de ter que decidir sobre isso”, disse Falcão à Jovem Pan.


Fonte: Jovem Pan

Comentários