Em um depoimento cheio de contradições e marcado por ameaças de prisão, o lobista da Precisa Medicamentos Marconny Albernaz de Faria confirmou sua relação próxima com o filho mais novo do presidente Jair Bolsonaro, Jair Renan, a ex-esposa do mandatário do país Ana Cristina Siqueira Valle e a advogada Karina Kufa, que representa o chefe do Executivo federal, mas negou o rótulo de intermediador de negócios. Aos senadores da CPI da Covid-19, o depoente afirmou que faz apenas “pareceres e análises de viabilidade política, técnico-política”, sem explicar o que isso significa. “Por conhecer o cenário de Brasilia, tenho essa expertise”, resumiu. Quando questionado sobre as funções que desempenhava para a Precisa e como atuava junto ao Ministério da Saúde, Faria ficou calado ou disse não se lembrar dos fatos. Ao final da oitiva, o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), incluiu Albernaz na lista de investigados pelo colegiado.
Faria admitiu que comemorou o seu aniversário em um camarote de propriedade do filho Zero Quatro em dezembro do ano passado, além de ter auxiliado Renan a abrir sua empresa, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia. De acordo com a sua versão, eles são amigos há aproximadamente dois anos. “Ele queria criar uma empresa de influencer, e aí eu só apresentei ele para um colega tributarista que poderia auxiliar na abertura dessa empresa”, explicou. A iniciativa foi formalizada com o apoio do advogado William Falcomer. De acordo com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Ana Cristina Valle, ex-esposa de Bolsonaro, repassava currículos de nomes indicados por Marconny para órgãos do governo federal, como o Defensor Público da União. Um desses indicados chegou a assumir a diretoria do Instituto Evandro Chagas, no Pará, órgão vinculado à Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) da Saúde, mas foi preso sob a acusação de pagamento de propina em um esquema de aproximadamente R$ 1,6 bilhão. Em razão disso, a CPI aprovou a convocação da mãe de Jair Renan.
Fonte: Jovem Pan