Em sua exposição inicial, o advogado Marconny Albernaz de Faria negou a alcunha de lobista e se disse “constrangido” de ter tido sua “vida exposta”. Faria é apontado pelos membros da CPI da Covid-19 como intermediador de negócios da Precisa Medicamentos junto ao Ministério da Saúde. “O que o extrato de minhas conversas demonstram, infelizmente, é que tenho ótimos amigos. Se eu fosse um lobista, eu seria um péssimo lobista, porque jamais fui capaz de transformar minhas relações sociais em contratos com resultados econômicos”, afirmou. Na sequência, ele afirmou que ficaria em silêncio ao longo da oitiva. “Que Deus abençoe a todos, Nossa Senhora passe na frente e boa audiência a todos”, concluiu.
O tom do depoente irritou os senadores. Na leitura de seu texto de apresentação, Faria bateu na mesa diversas vezes e atacou a imprensa pelo o que chamou de vazamento de “comunicações ilegalmente acessadas” – o conteúdo das conversas foi repassado à CPI da Covid-19 pelo Ministério Público Federal do Pará, que apreendeu o telefone celular do lobista. Marconny também disse que não estava fugindo da comissão porque sequer havia sido notificado de sua convocação. O presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), reagiu: “O senhor diz que não foi comunicado, mas foi pegar um atestado médico de 20 dias para quê? Se fosse um servidor público, você pega o atestado para faltar ao trabalho, à labuta. O senhor pegou atestado de 20 dias por que, se é do setor privado? Se o senhor disse que não sabia que teria que vir aqui, por que foi atrás de um atestado? O senhor está batendo na mesa e dizendo que não foi comunicado. O senhor chega aqui com uma marra”. “Existia um desenho do Papa-Léguas e o coiote. O coiote tentava pegá-lo, mas o Papa-Léguas dava um jeito de fugir. O senhor era o coiote, né, e o Estado brasileiro era o Papa-Léguas. O senhor tentava se dar bem e não se deu bem a absolutamente nada”, prosseguiu Aziz.
Fonte: Jovem Pan