Mudança econômica e juventude distante de ‘ideais revolucionários’: entenda razões de protestos em Cuba

Manifestações deixaram pelo menos uma pessoa morta

A população de Cuba vivenciou na última semana os maiores protestos antigovernamentais realizados no país nos últimos 25 anos. As movimentações, realizadas em Havana e em outras cidades do país, reuniram milhares e foram alvo de repressão policial, com jornalistas presos e feridos e pelo menos um manifestante morto. Especialistas em relações internacionais ouvidos pela Jovem Pan explicam que é simplista apontar apenas a pandemia ou a falta de energia como os fatores que desencadearam os protestos na ilha. Os problemas são realidade em Cuba, que passou a ter dificuldade de acesso a combustíveis após a crise do governo ditatorial de Nicolás Maduro na Venezuela e bateu em julho recordes diários de novos contaminados pelo coronavírus, mas outros aspectos contribuíram para que a explosão ocorresse agora.

O professor titular do instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), Amâncio Jorge de Oliveira, lembra que o papel de Miguel Diaz-Canel, que assumiu a presidência de Cuba em 2018 e a liderança do Partido Comunista em abril de 2021, é menos autoritário do que o já imposto pelos irmãos Castro em alguns sentidos. “Ele permitiu alguma flexibilidade do ponto de vista de acesso à internet, e aí entram duas questões: a primeira é a questão política, que é a própria maneira dele conduzir o regime, e a segunda é o efeito tecnológico. Esses movimentos [de manifestantes] foram muito impulsionados pelo contato um com o outro”, analisa. Ele lembra, porém, que o acesso às redes continua caro e escasso no país, mas facilitou o encontro de grupos em manifestações. Um dia após a repressão mais violenta aos protestos, na última segunda-feira, 12, o governo chegou a cortar o acesso da população à internet e a plataformas como Whatsapp, Instagram, Telegram e Facebook, que registraram instabilidade.


Fonte: Jovem Pan

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