Mudança no sistema do Ministério da Saúde faz registro de mortes por Covid-19 despencar

Mudança ocorreu no dia em que país quebrou recorde e registrou 3.251 novos óbitos causados pela doença

No dia em que o Brasil bateu o recorde e registrou 3.251 óbitos causados pela Covid-19 nas últimas 24 horas, segundo dados do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde (Conass), o Ministério da Saúde alterou os critérios de registro de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave no Sistema de Informação de Vigilância da Gripe (Sivep Gripe), onde estão incluídos os doentes com coronavírus. A medida fez despencar o número oficial de mortes em alguns Estados, como em São Paulo e no Mato Grosso do Sul, por exemplo. De acordo com a Secretaria de Saúde do governo João Doria (PSDB), nas últimas 24 horas foram reportados 281 óbitos ao Ministério da Saúde, contra 1.021 na última segunda-feira, data com o maior número de óbitos desde o início da pandemia – a média móvel de sete dias de inserção de óbitos no Estado estava até ontem em 532 mortes.

Situação semelhante ocorre no Mato Grosso do Sul. O boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado nesta quarta-feira, 24, ressalta que “devido instabilidade do sistema de informação oficial do Ministério da Saúde – SIVEP Gripe, os municípios apresentaram dificuldade no acesso para inserir e encerrar seus casos”. O órgão reportou 20 novos óbitos, mas, segundo o secretário de Saúde do Estado, Geraldo Resende, essa não é a realidade. “Vamos apontar hoje 20 óbitos, o que não é realidade. Nós estamos tendo muito mais óbitos que esses anunciados hoje. Mas é porque o sistema chamado Sivep, está com oscilação, está dificultando a inserção de dados, e certamente amanhã nós vamos ter um número elástico de óbitos já que a nossa média móvel já ultrapassou a 30 óbitos por dia. E a gente sabe que esse número de hoje está a menor, do que o que aconteceu nos últimos dias por essa oscilação do sistema do Ministério da Saúde”, disse ao comentar os números desta terça.

A mudança nos critérios torna obrigatório o preenchimento de campos como CPF, número de cartão nacional do SUS e se o paciente é ou não estrangeiro. Em nota, o órgão paulista afirma que “a medida pegou os municípios de surpresa, fazendo com que muitas cidades não conseguissem registrar todos os óbitos no sistema nacional oficial. Além disso, muitas cidades reportaram à Secretaria de Estado da Saúde instabilidade do sistema desde a tarde de ontem, também dificultando a inserção de dados”. A secretaria também diz que “não foi avisada previamente pelo órgão federal e não permitiu que as prefeituras tivessem um período de transição. Além de tornar estes campos obrigatórios, a partir de agora os municípios também precisam preencher informações sobre eventual vacinação contra Covid destes pacientes”. Procurado pela Jovem Pan, o Ministério da Saúde não retornou até a publicação desta reportagem.


Fonte: Jovem Pan

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