Na CPI da Covid-19, Osmar Terra admite erro em previsões e contraria recomendações científicas

A pedido do presidente da Câmara dos Deputados, Osmar Terra foi ouvido na condição de convidado

Em seu depoimento à CPI da Covid-19, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) admitiu, nesta terça-feira, 22, que errou nas previsões feitas no início da pandemia e apresentou recomendações que contrariam as recomendações científicas. A oitiva, que durou mais de sete horas, também foi marcada por questionamentos sobre a imunidade de rebanho e a existência de um gabinete paralelo ao Ministério da Saúde. Apontado como mentor de um grupo de aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro, o emedebista afirmou que “não tem poder” sobre o chefe do Executivo federal.

A convocação de Osmar Terra foi aprovada após a divulgação de um vídeo no qual o virologista Paolo Zanotto sugere, em evento no Palácio do Planalto, a criação de um “shadow cabinet” (gabinete das sombras, em tradução livre). Aos senadores, o deputado federal afirmou que “não existe gabinete paralelo. É ficção”. “Todos os presidentes se aconselham com alguém”, acrescentou. Apesar da versão apresentada pelo ex-ministro da Cidadania do governo federal, a cúpula da CPI da Covid-19 diz ter evidências de que havia, sim, uma estrutura informal que influenciava Bolsonaro na adoção de políticas públicas de enfrentamento à crise sanitária.

O deputado federal também se notabilizou por fazer previsões equivocadas sobre a pandemia do novo coronavírus. No início da crise sanitária, ele afirmou que a Covid-19 mataria menos do que o H1N1, que em 2009 foi responsável por 2.146 óbitos. No sábado, 19, o Brasil ultrapassou a marca de 500 mil mortes. Nesta terça-feira, Osmar Terra disse que fez as estimativas com base nos fatos que tinha à disposição no início da pandemia. Ao longo do ano, no entanto, o parlamentar disse, em mais de uma ocasião, que a crise sanitária caminhava para o fim. Na audiência de hoje, os membros da comissão exibiram vídeos nos quais o ex-ministro descarta a possibilidade de mutação do coronavírus e a ocorrência da segunda onda, que atingiu o país no primeiro trimestre de 2021.


Fonte: Jovem Pan

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