Mais da metade das pessoas abordadas pela polícia no Rio de Janeiro são negras. Segundo levantamento, embora representem menos da metade da população carioca, 63% das abordagens policiais têm como alvo cidadãos negros. Os dados fazem parte da pesquisa Elemento Suspeito, realizada pelo Centro de Estudos em Segurança e Cidadania, ligado à Universidade Cândido Mendes. O estudo já havia sido realizado em 2003 e foi atualizado. Desde então, as ameaças subiram de 6,5% para 23% e o uso de armas apontadas para os alvos subiu de 9,7% para 28%. As palavras mais usadas por aqueles que foram alvos das abordagens foram humilhação e constrangimento. De acordo com a pesquisa, os negros são maioria entre os abordados em todas as atividades mapeadas. Quando a ação policial é feita em vans, por exemplo, a parcela de pessoas negras chega a 74% e também passa de 70% nos carros de aplicativo e no transporte público. Os negros também representam 70% daqueles que presenciaram agressões da polícia a terceiros. Além disso, a população negra também corresponde a 79% dos que tiveram suas casas invadidas e 74% dos que tiveram um parente ou amigo morto por agentes de segurança. A pesquisa Silvia Ramos, cientista social e coordenadora do Centro de Estudos em Segurança e Cidadania, fala sobre o preconceito com negros em abordagens e ações policias. “Em todas experiências, os negros são muito mais vítimas do que o resto da população. O que nós verificamos, no conjunto da pesquisa, é uma polícia que tem um tipo de ação nas ruas da cidade, na sua atividade de patrulhamento, que é racista“, pontua.
*Com informações do repórter Rodrigo Viga