Em seu depoimento à CPI da Covid-19, Nise Yamaguchi contrariou versões apresentadas anteriormente pelo diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta ao afirmar que não partiu dela a proposta para alterar a bula da cloroquina por decreto presidencial, a fim de recomendá-la para o tratamento de pessoas infectadas com o novo coronavírus. A imunologista também apresentou à comissão um documento, no qual ela diz, em uma troca de mensagens, que a edição de um decreto presidencial sobre o uso do medicamentos do “kit Covid” iria expor o presidente Jair Bolsonaro. A equipe técnica que acompanha o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), apontou 13 contradições da depoente aos parlamentares.
Na segunda semana de trabalhos da CPI, Barra Torres disse que Nise Yamaguchi defendeu a alteração da bula da cloroquina por decreto presidencial. A proposta, segundo o diretor-presidente da Anvisa, teria gerado uma reação “um pouco deselegante”. “Me recordo [dessa reunião no Palácio do Planalto]. Confirmo que estávamos o Braga Netto, da Casa Civil, o ministro Mandetta, eu, a doutora Nise Yamaguchi e um médico do qual não me recordo o nome. Esse documento [minuta de decreto presidencial que previa a mudança da bula] foi comentado pela doutora Nise Yamaguchi, o que provocou uma reação, confesso, um pouco deselegante. A minha reação foi muito imediata, de dizer que aquilo não poderia ocorrer. Só quem pode modificar uma bula de um medicamento registrado é a agência reguladora daquele país, desde que solicitado pelo detentor do registro”, disse o contra-almirante da Marinha. Aos senadores, Nise Yamaguchi disse, nesta terça-feira, que não fez esta proposta. Diante da divergência de versões, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), sugeriu uma acareação entre Nise e Barra Torres.
Fonte: Jovem Pan