Oito em cada dez veículos abastecidos com GNV em São Paulo estão irregulares, aponta estudo

Inspeção veicular pode evitar risco de explosão provocado por irregularidades no equipamento do GNV

Uma pesquisa em postos de gás natural veicular da capital paulista e região metropolitana acompanhou o abastecimento de cerca de 3 mil automóveis. O estudo feito em conjunto com o Sindicato das Empresas de Inspeção Veicular do Estado revelou que 78% dos veículos abastecidos com Gás Natural Veicular (GNV) estão rodando irregularmente. Quase 8 em casa 10 veículos. Dentre eles, 70% nunca realizaram inspeções obrigatórias e nem mesmo estavam registrados nos órgãos de trânsito como possuidores de GNV. “Muito perigoso, O que pode ocasionar um veículo com GNV é, assim, os danos são imensos, não tem como… Se explodir em um posto de combustível, pode explodir o posto inteiro, pode causar um acidente que atinge quarteirões, com muitas vítimas. É, de fato, muito perigoso”, afirma Jeferson Molina, presidente da Associação Nacional dos Organismos de Inspeção.

O problema foi agravado porque, com o aumento da gasolina e do etanol, muitos brasileiros buscaram essa alternativa para economizar. Segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito, de janeiro a setembro de 2021 foram realizadas mais de 160 mil conversões para gás natural. Um aumento de 86% na comparação com o ano anterior, quando houve 86 mil instalações. Os carros, vans e caminhões devem ser submetidos a inspeção imediatamente após a instalação do sistema. Mas isso raramente acontece. Sem falar nos inúmeros estabelecimentos clandestinos.

O taxista Alessandro Cardoso é uma das raras exceções. Ele conta que tem toda a documentação correta e se mostra preocupado. “Tem lugar que não é confiável. Tem que saber onde você insta o gás. Isso daí é perigoso. Tem que saber onde você instala, e outra, tem que estar tudo documentado para você poder estar circulando”, opina. Jefferson Molina diz que a fiscalização praticamente não existe e indica que um passo para tentar modificar esse cenário é fazer com que os trabalhadores nos postos não fechem os olhos e passem a exigir o selo do Inmetro na hora do abastecimento. “Abastece qualquer veículo. Chegou lá, tem o GNV instalado, o frentista vai lá… o frentista mesmo ele não tem isso, de que ele está colocando a vida dele em risco e de pessoas que estão à volta dele. Porque um veículo que não possui inspeção, que não tem a regularização pode estar com vários problemas no seu kit GNV e pode causar uma explosão. Isso é muito perigoso”, afirma.

A maioria dos postos não exige o selo com medo de perder a clientela. Em caso de acidente o seguro pode se recusar a pagar. Além de estar sujeito a responder por crime de responsabilidade. O cilindro que armazena o GNV é abastecido em alta pressão, suficiente para encher 100 pneus de um carro popular. Se não estiver dentro dos conformes pode provocar incêndios e explosões, levando perigo tanto aos ocupantes quanto aos frentistas. As entidades notificaram postos de abastecimento de gás e secretários de transporte de 74 cidades paulistas onde existem estabelecimentos desta natureza, alertando sobre os riscos. Uma inspeção varia de R$ 280 a R$ 330. Já o kit instalado de última geração custa de R$ 4.500 a R$ 5.300.

*Com informações do repórter Daniel Lian


Fonte: Jovem Pan

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