Terras de floresta fechada sempre despertam a cobiça dos que têm interesse em explorar áreas indígenas para garimpo ilegal e grilagem, e a Amazônia está no centro desses interesses. Organizações não governamentais (ONG) que atuam na região chegam com promessas de melhorar a a qualidade de vida dos nativos e preservar a floresta. Algumas, de fato, cumprem o que prometem, outras não, é o que denuncia o senador Plínio Valério (PSDB-AM). Ele usa como exemplo a ONG Opção Verde, uma organização que tinha interesses suspeitos, segundo o parlamentar. “Não vamos poder saber, nos cartórios, da Amazônia inteira quanto de terra tem no nome dessa gente, sim, e tem muita coisa. A gente não quer demonizar ONGs, pelo contrário, separar joio do trigo. Tem muita ONG boa, mas tem muito mais do que ONGs boas, são ONGs ruins, que aproveitam o nome ‘Amazônia’ para enriquecer seus membros”, afirma. O Senado Federal já autorizou a instalação de uma CPI para investigar a atuação de ONGs suspeitas na Amazônia. A iniciativa tem o aval do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), falta apenas iniciar os trabalhos, mas já há uma previsão: março do ano que vem.
Documentos em poder do senador mostram que a ONG Opção Verde foi criada por holandeses e que, desde 2008, compra terras na região de Coari, no Amazonas. Cópias de documentos de cartórios mostram a aquisição deliberada das terras. O senador Plínio relata que, na Amazônia, existem milhares de ONGs com atividades suspeitas. “Eu não saberia dizer o número exato de ONGs na Amazônia, falam em dez mil, mas se tivesse mil já era muita, mas tem milhares de ONGs na Amazônia, em contraste com o nordeste, por exemplo, que não deve ter dez ONGs dessas. Tem umas que não recebem verba pública, mas recebem de governos estrangeiros”, alega. A equipe de reportagem tentou contato com a ONG Opção Verde. O site dela está fora do ar. Um e-mail foi enviado, mas não houve resposta. Por telefone também não foi possível o contato.
Adriel Kokama é uma liderança no Médio Solimões, no Amazonas, e há anos ele denuncia ONGs que atuam sob suspeita. O cacique relata que nem as crianças são poupadas, acabam sendo vítimas de violência sexual e, muitas vezes, levadas a consumir bebida alcoólica. “Acham que são bonitos, são diferentes, olhos azuis ou coisa assim, as nossas parentes nunca viram pessoas de outro sangue, outra nação, e se encantam por aquilo. Eles acabam se aproveitando, trazendo bebidas, comprando cervejas, e, nessas brincadeiras é onde se dá esses acontecimentos”, diz. Revoltado com tudo o que tem visto, Kokama faz um apelo: “Precisamos de ajuda. Nós estamos aqui apostos para fazer um dia melhor para todos nós”.
*Com informações da repórter Francy Rodrigues