Pacientes que fizeram transplante de medula óssea não são prioridade para vacinação contra a Covid-19

Pessoas que passaram por transplantes devem ficar atentas com o tipo da vacina que recebem

Uma parcela importante dos brasileiros ficou de fora do grupo prioritário para vacinação contra Covid-19: os pacientes submetidos ao transplante de medula óssea (TMO). O Plano Nacional de Imunização (PNI) prevê a aplicação das doses apenas para os que realizaram transplante de órgão sólido, como fígado e rim, e aos que tiveram câncer. Parte dos transplantados de medula, no entanto, fizeram o procedimento por culpa de outras doenças. É o caso da advogada Letícia Cardoso, que fez o transplante em 2005 por causa de uma artrite reumatoide. “Não existia mais remédio biológico que me ajudasse, minha artrite era muito severa, eu ficava meses sem andar. Pesquisei muito, questionei e aceitei fazer. A artrite sumiu, nunca mais tive qualquer problema articular, mas adquiri uma imunodeficiência.”

A principal diferença dos dois tipos de transplante, órgão sólido e de medula, é a rejeição. Enquanto no transplante sólido o sistema imune do corpo pode rejeitar o órgão, no caso do TMO é o próprio sistema imune que é transplantado. Na primeira situação, o paciente precisa tomar medicamentos que ajudam na aceitação (imunossupressores) para o resto da vida. Para quem fez TMO, o uso do remédio costuma ser uma questão de tempo. “A tolerância imunológica vai se desenvolvendo e a medula aprende que aquele corpo receptor é dela também. Por isso, quem passou por um TMO, pode parar de tomar o imunossupressor”, explica a infectologista Clarisse Machado, membro da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO).

Questionado pela reportagem da Jovem Pan, o Ministério da Saúde não respondeu por que o grupo não consta como prioritário. De acordo com a infectologista Clarisse Machado, a ideia de que o paciente do transplante de medula óssea é menos imunossuprimido por não tomar o medicamento a vida toda é errada. “A mortalidade para Covid-19 de pacientes que fizeram TMO é igual ou até maior do que para outros transplantes. Não tem porque um grupo ser beneficiado por isso e o outro não. Eles precisam ser vacinados o quanto antes”, explica Clarisse. Ela afirma que a imunidade do paciente de transplante de medula óssea depende de muitos fatores. Mas, em geral, ele é considerado imunodeprimido por, pelo menos, dois anos.


Fonte: Jovem Pan

Comentários