Pandemia aumenta evasão escolar e derruba aprendizado, avaliam especialistas

Para especialistas, só a imunização desses trabalhadores pode permitir a retomada efetiva do ensino

A prefeitura do Rio de Janeiro retoma nesta segunda-feira, 31, a vacinação contra a Covid-19 dos profissionais da educação. Nessa etapa, receberão a primeira dose professores e funcionários entre 45 e 43 anos. Para especialistas, só a imunização desses trabalhadores pode permitir a retomada efetiva do ensino, sobretudo na rede pública. A presidente do Conselho Nacional de Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, avalia que a medida é fundamental, já que o déficit de aprendizado após meses de escolas fechadas é muito grande. “A desigualdade era elevada, ela aumentou, assim como nós já sabemos que a evasão aumentou também, o abandono escolar é grande. Sabemos que a perda de aprendizagem é grande e a recuperação dessas aprendizagens vai levar tempo. Há estudos que mostram que na escola as crianças estão mais protegidas do que quando elas ficam nas suas casas. Então não faz o menor sentido não reabrir as escolas.”

O Líder de Relações Governamentais do Todos Pela Educação, Lucas Hoogerbrugge, reforça que o cenário é desestimulante, mas ainda é possível recuperar o tempo perdido. “Não diria que a gente pode recuperar tudo que perdeu, acho que tem efeitos concretos da pandemia na vida das crianças, dos jovens, das famílias, que infelizmente a gente não consegue recuperar, mas a gente precisa trabalhar para reduzir esses impactos da melhor forma possível. A gente sabe que a pandemia afeta desigualmente a população brasileira. O país já é desigual e vamos precisar investir em quem mais precisa, então a gente precisa de um olhar para o estudante vulnerável, periférico”, afirmou. Em São Paulo, as escolas estão abertas com apenas 35% da capacidade. O fechamento das escolas públicas do Estado no ano passado derrubou em 72,5% o aprendizado esperado e mais que triplicou o risco de evasão.

Para o Secretário da Educação de São Paulo, Rossieli Soares, ainda não é possível medir o tamanho do prejuízo aos alunos. “Em um ano normal esse indicador era de 56% das crianças já alfabetizadas no primeiro ano, um indicador bom, mas ainda a melhorar. Com a pandemia, tivemos apenas 21% das crianças alfabetizadas. A gente avaliou o aluno que estava no 5º, no 9º e no 3º ano do ensino médio, em português e matemática para poder fazer uma comparação. O que nós tivemos foi um resultado de aprendizagem menor do que o 3º ano fundamental para os alunos do 5º ano, por exemplo, em matemática”, pontua. Rossieli Soares reforça que a secretaria tem acompanhado diariamente os profissionais e feito o possível para ajudar os alunos a recuperar o conteúdo, com investimento em tecnologia. Segundo o secretário, o governo também está avaliando os próximos passos, para que em breve o Estado consiga aumentar, com segurança, a capacidade de alunos permitidos durante as aulas presenciais.


Fonte: Jovem Pan

Comentários