Pesquisa aponta que 63% das mães tiveram sintomas depressivos na pandemia

Segundo estudo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, 63% das mães tiveram sintomas depressivos na pandemia

No início da pandemia, a esteticista Camila Prado viu a vida mudar por completo. Ela se separou do marido, foi morar sozinha com a filha de quatro anos e perdeu o emprego. Sozinha, Camila começou a ter crises de pânico e a ser julgada pela família. Além disso, os vizinhos, de home office, começaram a reclamar da filha dela. “Tinham brigas por causa do barulho da minha filha brigando. Tive sérios problemas, tive que sair de lá, os vizinhos não me queriam lá com a criança. Durante um ano me senti um inútil e só recebendo julgamentos, não tenho nem palavras para descrever o que eu senti. Só me senti uma inútil de tantas palavras negativas que recebi o ano todo. Já estava sentindo uma coisa perigosa comigo: ‘se eu não procurar ajuda, de noite vou me matar'”, conta. Segundo estudo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, 63% das mães tiveram sintomas depressivos durante a pandemia. Justamente a falta de uma rede de apoio e acúmulo de funções têm causado a exaustão no período.

A neuropsicóloga da Clínica Maia, Katherine de Paula Machado, afirma que não há nada de biológico que torna as mulheres mais suscetíveis aos quadros de depressão e ansiedade. O problema, segundo ela, é uma questão histórica. “Não existe nenhuma pesquisa que mostre que a mulher fica mais vulnerável em uma situação de estresse. A mãe sim. Mas dentro de um contexto social. Na pandemia parece que isso ficou mais agravante, porque a mulher para poder contribuir na renda familiar, ou trabalhar porque realmente faz sentido para ela, não deixa de cuidar da casa, não deixa de cuidar do filho. Tem aquela cobrança interna muito grande que a mãe tem que atender as necessidades desse filho, ainda mais em contexto de ensino remoto. Quando a gente soma fica muito complicado para a mulher porque é esperada que ela seja sempre perfeita, esteja sempre satisfeita com o filho, seja aquela pessoa organizada no contexto doméstico e aí traz um sentimento de culpa muito grande quando ela não consegue.”


Fonte: Jovem Pan

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