A microbiologista Cristina Rossatti pretendia dar um celular para o filho Lorenzo apenas quando ele completasse 12 anos. No entanto, a pandemia acelerou o processo. Com as aulas remotas, a família sentiu a necessidade de adiantar o presente. “Até foi bem, ele amadureceu bastante. Não fico em cima dele com tarefa escolar, ele dá conta, estuda certinho quando tem prova. É uma coisa que realmente não fico em cima”, afirma. Cristina conta, no entanto, que ela e o esposo ficam atentos ao tempo e ao conteúdo acessado pelo filho na internet. Uma pesquisa internacional realizada com 11 mil responsáveis por crianças entre 7 e 12 anos, em 20 países, entre eles o Brasil, revelou que 70% das crianças e 82% dos pais passam pelo menos três horas diárias no celular.
A neuropsicóloga Deborah Moss alerta que o uso abusivo do celular pode trazer comprometimento para a socialização e desenvolvimento cognitivo. “A criança precisa explorar o mundo de uma forma física, precisa de espaço para se desenvolver motoramente. Se fica muito restrita ao celular, é uma atividade muito solitária, muito passiva e que ela perde a oportunidade de interagir com o ambiente. Tem crianças com dificuldades da escrita, psicomotora, por falta de estímulos do corpo no espaço”, pontua. Deborah destaca ainda que os pais são exemplos para os filhos. Por isso, não adianta definir limites para as crianças, se o comportamento do responsável for o oposto.
*Com informações da repórter Carolina Abelin