Condenado a quase 100 anos em processos da Lava Jato por crimes como lavagem de dinheiro, organização criminosa, corrupção ativa e corrupção passiva, o ex-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, se diz injustiçado e pretende recorrer na Justiça contra a condenação, aplicada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Estado do Rio de Janeiro. O político disse lamentar e ficar “triste e perplexo” com o que considera a arbitrariedade no julgamento em seu processo, citando como exemplo o depoimento de uma testemunha que afirmou ter entregue R$ 150 mil no apartamento de Pezão. “Ele falou que entregou no meu apartamento e ele se surpreendeu que esse dinheiro podia ter sido levado pelo assalto que teve no meu apartamento, o apartamento foi arrombado. Eu mostrei, entreguei o meu passaporte, a minha estadia, eu estava na Itália e ele [Marcelo Bretas] não considerou isso em nenhum momento. Qual o valor que essa testemunha tem?”, questionou o ex-governador em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, nesta quarta-feira, 9. “Não existe no país, em lugar nenhum do mundo, uma sentença de 98 anos onde não tem nenhuma prova, só palavras de delatores. Quem me acusa é só quem estava condenado, delações de condenados. Me surpreende, tenho certeza que em outras instâncias vamos demonstrar que foi uma grande arbitrariedade.”
Pezão relata que após a sua prisão, ocorrida em novembro de 2018, respondeu um questionário da Polícia Federal (PF) com “83 perguntas desconexas” que, segundo ele, citavam até uma conta bancária inativa desde 1997 para justificar a sua movimentação com dinheiro em espécie. “Falaram que eu tinha uma fazenda em Bom Jardim, que tinha comprado à vista, coisa que nunca tive”, afirmou. De acordo com o ex-governador, desde então, nunca comprovaram qualquer envolvimento em desvios de recursos ou movimentações atípicas. “Fiquei preso e nunca me deram direito de me defender e agora mostrar diversas incoerências dessa situação”, disse. “Não sou [ladrão] e isso eu demonstrei ao longo da minha vida”, completou, afirmando que em 36 anos de vida pública, nenhum órgão de fiscalização, como o Coaf e a Receita Federal, mostram transações suspeitas. “Estou há sete anos sendo investigado, em nenhum momento mostraram desvios, um dinheiro, não tenho nenhum bem adquirido desde quando entrei como vice-governador, não tenho um carro, não comprei uma casa, um apartamento. Se esses órgãos servem para mostrar movimentações atípicas, por que não servem para absolver?”
Fonte: Jovem Pan