Por que as declarações de Ernesto Araújo prejudicam o silêncio de Pazuello na CPI da Covid-19

Apesar do habeas corpus concedido pelo STF, defesa de Pazuello diz que ele 'está pronto para responder toda e qualquer pergunta aos senadores'

Em seu depoimento à CPI da Covid-19, o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo afirmou, reiteradamente, que a atuação de sua pasta no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus foi embasada em diretrizes definidas pelo Ministério da Saúde. Aos senadores, o ex-chefe do Itamaraty disse, por exemplo, que o Brasil buscou cloroquina no mercado internacional por recomendação do ministério comandado, à época, por Eduardo Pazuello. Em razão disso, a cúpula da comissão avalia que o general do Exército fica em “situação muito difícil” na véspera de sua oitiva, marcada para esta quarta-feira, 19.

Na sexta-feira, 14, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu ao ex-ministro da Saúde o direito de permanecer em silêncio na CPI sempre que julgar que a pergunta pode incriminá-lo – Pazuello é investigado na primeira instância por suposta omissão no episódio da falta de oxigênio em Manaus. Porém, em coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira, após o depoimento de Ernesto Araújo, o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), pediram que o ex-ministro das Relações Exteriores colabore com as investigações.

“O depoimento [de Ernesto Araújo] deixa claro que quem aderiu ao consórcio Covax Facility com 10% e não com 50% da quantidade de doses foi o Ministério da Saúde. Ele deixa Pazuello numa situação muito difícil para amanhã. Está me parecendo haver um movimento de abandono do ex-ministro da Saúde. Ele deveria colaborar com a CPI, senão, todos os elementos vão levar a apontá-lo como responsável pela morte de centenas de milhares de brasileiros”, afirmou Randolfe. “Ernesto nos disse que as tratativas foram consequências de indicações do Ministério da Saúde, com exceção da cloroquina e da viagem à Israel, que foram pedidos do presidente Jair Bolsonaro. De modo que, com isso, com esse esforço, ele transfere o ônus dos equívocos para o Ministério da Saúde e para quem o ocupou, no caso, o ex-ministro Pazuello”, acrescentou o emedebista.


Fonte: Jovem Pan

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