Preconceito e custos de tratamento ainda impedem atletas trans de se firmarem no esporte

Debate dos transexuais no esporte no Brasil começou com Tifanny Abreu

O debate sobre a participação de atletas transgênero no esporte de alto nível é alvo de debates desde a estreia de Tifanny Abreu no vôlei brasileiro. Desde 2017, quando a atleta ganhou o aval da Federação Internacional de Voleibol para atuar na Superliga Feminina Brasileira, discursos contrários à decisão ganharam força no país. Projetos de Lei como o de nº 2639/19, de autoria do deputado federal Sóstenes Silva Cavalcante (DEM-RJ), que estabelecia que o sexo biológico deveria ser o único critério para a definição do gênero em competições esportivas nacionais, foram apresentados para que os atletas não fossem incluídos no esporte. E não é apenas o preconceito que impede atletas trans de se firmarem no esporte nacional e até mesmo internacional. Nesta sexta-feira, 29, é comemorado o Dia da Visibilidade Trans. Instituída em 2004, a data tem como objetivo principal buscar conscientização, cidadania e respeito aos transexuais em meio a sociedade.

Para o gestor esportivo Cristiano Barros Homem Del Rei, a dificuldade também está nos altos custos dos tratamentos hormonais exigidos. “A dificuldade de entendimento desta necessidade e os valores financeiros exigidos no controle hormonal nos últimos 12 meses que antecederam sua entrada em uma competição, e a continuidade deste controle enquanto houver o interesse de continuar competindo, são fatores dificultadores da inclusão. Quantas “Tifannys” existem, mas por alguma razão não encontram espaço para competirem?”, disse em entrevista à Jovem Pan.

Não basta apenas se declarar transsexual para competir em modalidades esportivas, os atletas precisam seguir uma rígida cartela de exigências para serem regulamentados e considerados aptos para competições. Segundo as regras do Comitê Olímpico Internacional (COI), o atleta deve se identificar como transgênero há, pelo menos, 4 anos e estar há um ano em hormonioterapia, com níveis de testosterona menor que 10 nmol/L. No caso dos homens trans, a testosterona tem que estar dentro dos níveis de referência para homens e eles devem ter uma declaração que fazem este tratamento para transição de gênero.


Fonte: Jovem Pan

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