O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, possui o controle de todos os poderes do país desde sábado, 1, quando a Assembleia Nacional controlada por seu partido destituiu o procurador-geral Raúl Melara e cinco juízes do Supremo Tribunal de Justiça. A principal justificativa é que esses funcionários estavam atrapalhando a estratégia do governo para conter a pandemia do novo coronavírus ao decidir que o Executivo não tinha autoridade para prender quem desrespeitasse a quarentena. Eles foram substituídos por outros funcionários alinhados ao chefe de Estado, cujo partido conservador Novas Ideias teve uma vitória esmagadora nas eleições parlamentares em março. Considerado um líder carismático e informal, o presidente Nayib Bukele é o mais jovem que o país já teve com seus 39 anos e costuma utilizar as redes sociais como um canal direto com seus apoiadores.
No entanto, o seu comportamento está sendo condenado pela Human Rights Watch, cujo diretor para as Américas, José Miguel Vivanco, comentou: “Bukele ataca o Estado de Direito para concentrar todo o poder em suas mãos”. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu respeito às disposições constitucionais e à separação de poderes, “a fim de preservar o progresso democrático alcançado pelo povo salvadorenho desde a assinatura do acordo de paz” de 1992. O secretário de Estado do governo norte-americano, Anthony Blinken, expressou “séria preocupação” com as destituições e mencionou que o procurador-geral Raúl Melara era um parceiro de Washington D.C. na luta contra a corrupção. A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, também se posicionou escrevendo em seu perfil no Twitter que “um poder judiciário independente é fundamental para uma democracia saudável e uma economia forte”.
Fonte: Jovem Pan