Puberdade precoce em crianças pode afetar infância; entenda

Especialistas ainda estudam por que puberdade afeta crianças antes da hora

Em setembro, a Maitê Cavalheiro fez uma radiografia óssea que mostrava que o organismo dela era como o de uma criança de 11 anos. A menina, no entanto, tem apenas 8 anos de idade. O exame que atestou a idade óssea alterada fez parte de uma bateria de procedimentos para confirmar a suspeita de médicos de que a Maite estava entrando em um processo de puberdade precoce. A mãe dela, Mari Angela Cavalheiro, e o pai, Roberto Fradusco, notaram as mudanças repentinas no corpo da filha. “Foi em um dia em um banho que peguei ela e falei: ‘não, este cabelo está muito sujo, você não está lavando direito’. Daí que ela tirou a roupa e eu falei ‘opa, tem coisa errada’”, afirmou a mãe, lembrando que notou o desenvolvimento de seios na criança. “Foi como se tivesse acendido um interruptor dentro dela e ela acordou desse jeito, sabe?”, afirmou o pai. Depois de muita conversa com diferentes especialistas, os pais da Maitê decidiram entrar com bloqueadores hormonais.

“A criança menstruar com oito anos? Eu estava mega preocupada, falei ‘nossa, ela vai ser o ET da escola’, e vai mexer com o emocional, acabar com a infância. A gente que é mulher sabe que isso é ruim”, afirmou a mãe. O pai apontou que o prejuízo “seria muito maior” se a situação não fosse cuidada agora. Um levantamento de uma plataforma digital de agendamento de consultas revelou crescimento de 300% da realização de radiografias ósseas entre outubro de 2019 e setembro de 2021. O exame é considerado essencial para identificar puberdade precoce. O ginecologista Maurício Abrão ressalta que 90% dos casos têm origem desconhecida, mas podem estar relacionados ao ganho de peso e estímulos de telas. “Questões relacionadas a estímulos eventuais, que é uma coisa que não é totalmente comprovada, mas tem sido citada, de que esses mecanismos de vídeos, de games, possam estar participando disso, e obviamente que com a pandemia e com o afastamento social isso acabou aumentando. Aumentou o ganho de peso. É importante a gente reforçar que na gordura, quando existe o aumento do peso, existe uma produção de hormônio, e que isso também pode colaborar bastante”, analisou.


Fonte: Jovem Pan

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