Qual o risco de tsunami atingir a costa brasileira após vulcão entrar em erupção nas Ilhas Canárias?

Imagens da erupção do Cumbre Vieja foram divulgadas pelo governo das Ilhas Canárias

O alerta amarelo emitido pelo governo espanhol ao Cumbre Vieja, localizado nas Ilhas Canárias, no começo da última semana, após o vulcão dar seus primeiros sinais de atividade em mais de 50 anos, acendeu alerta dos brasileiros para a possibilidade de uma tsunami atingir o país latino. A conversa em torno do fenômeno é majoritariamente baseada em análises científicas de um estudo feito em 2002 pelo Instituto de Geofísica e Física Planetária da Universidade da Califórnia. O documento, assinado pelos pesquisadores Steven N. Ward e Simon Day, projetou que uma explosão de grande proporção capaz de causar um colapso lateral nas paredes do Cumbre Vieja poderia derrubar mais de 500 km³ de destroços na água e gerar uma tsunami capaz afetar a África Ocidental, o litoral do Reino Unido, atravessar todo o oceano Atlântico e causar uma sequência de ondas de até 25 metros de altura nas costas da América do Norte e do Sul, o que afetaria o Brasil.

imagens projetando tsunami

Estudo da USCS projetou velocidade de tsunami que ocorreria se vulcão em La Palma colapsasse | Foto: Steven N. Ward e Simon Day/USCS/Reprodução 

No “pior cenário” analisado pelos pesquisadores, uma onda gigante gerada pelo colapso do vulcão atingiria outras ilhas da região em menos de 10 minutos, chegaria à costa da África em uma hora e às Américas em cerca de seis horas, atingindo os Estados Unidos 9 horas após a explosão. Para isso, porém, seria necessária uma explosão de altas proporções que fosse forte o suficiente para destruir a ilha de La Palma, que tem mais de 85 mil habitantes. A possibilidade de algo do tipo ocorrer no momento é baixíssima. A erupção que entrou em curso neste domingo, 19, fez com que a lava avançasse por algumas rodovias de La Palma, mas até o momento bloqueou apenas algumas rodovias e determinou a retirada de pessoas com baixa mobilidade de sete áreas diferentes da ilha. A Comissão Científica do Plano Especial de Proteção Civil e Atenção a Emergências por Risco Vulcânico (Pevolca), responsável por monitorar os eventos sísmicos e comunicá-los ao governo e à população, elevou o nível de alerta do vulcão de amarelo para laranja.

O nível anterior sinalizava um aumento da sismicidade com emissão de gases e uma possível erupção sem qualquer risco à população. O atual reconhece que há uma erupção, mas ainda considera que ela não traz risco aos moradores da ilha. O último nível de alerta local é o vermelho, que denuncia riscos aos humanos, casas locais e ao meio ambiente. Se o termômetro do Pevolca se tornar vermelho, o governo das Ilhas Canárias deve iniciar a evacuação total dos milhares de moradores da região, mas o tom atual dos comunicados enviados pelos órgãos tenta promover a calma. De acordo com o Programa Global de Vulcanismo do Smithsonian Institution, a última grande erupção do Cumbre Vieja antes da registrada neste domingo ocorreu no ano de 1971. Na ocasião, nenhum tsunami foi registrado no litoral brasileiro. Em um trecho do próprio estudo, os pesquisadores afirmam que “dezenas” de colapsos de vulcões ocorreram no último milhão de anos, tornando a possibilidade de uma ocorrência do tipo raríssima. O último tsunami causado pelo colapso de um vulcão ocorreu em dezembro de 2018, quando o Anak Krakatau perdeu mais de dois terços do seu volume e criou uma onda gigante no Estreito de Sunda, região que liga o Mar de Java ao Oceano Índico. Na ocasião, mais de 400 pessoas morreram na Indonésia.


Fonte: Jovem Pan

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