Recado de Arthur Lira expôs insatisfação do Congresso com Ernesto Araújo

Pressão pela saída de Ernesto Araújo se acentuou nos últimos dias

Horas depois de participar de uma reunião com representantes dos três Poderes, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), subiu o tom contra o governo do presidente Jair Bolsonaro, ressaltou que estava apertando um “sinal amarelo” e afirmou, na noite desta quarta-feira, 24, que os remédios políticos do Parlamento são conhecidos e alguns, “fatais”. Na avaliação de parlamentares da base aliada e de líderes partidários ouvidos pela Jovem Pan, o discurso de Lira tem um objetivo claro: sinalizar ao Palácio do Planalto que, diante da gravidade da crise causada pela pandemia do novo coronavírus, é necessário deixar a ideologia e o radicalismo de lado.

Sob reserva, dois deputados afirmaram que, apesar do tom duro do discurso de Lira, ainda não é possível vislumbrar a tramitação de um processo de impeachment. Entretanto, a intenção é deixar evidente que o Congresso não assistirá passivamente ao agravamento da crise sanitária. Argumento semelhante é utilizado pelo vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM). Em entrevista à Jovem Pan antes do país ultrapassar a marca de 300 mil mortes causadas pela Covid-19, Ramos disse que “todo mundo perdeu a paciência” com o governo federal e que o Parlamento precisava reagir frente ao avanço da pandemia. “Não dá para o Parlamento assistir de forma passiva ao Brasil chegar a 3 mil mortes por dia e se aproximar de 300 mil mortos. O Parlamento precisa reagir e o presidente Bolsonaro precisa entender que, em momentos de crise, o país precisa de um líder nacional, que unifique a Federação, não que divida”, afirmou.

Na avaliação de outro grupo de parlamentares, o discurso de Lira tem um destinatário claro: o chanceler Ernesto Araújo. A troca no Ministério das Relações Exteriores é uma demanda antiga dos partidos do Centrão, mas a cobrança se tornou ainda mais enfática nos últimos dias, diante da busca do Brasil por mais vacinas contra a Covid-19. Para um líder próximo ao presidente da Câmara, a situação de Araújo é “insustentável”. Nesta quinta-feira, 25, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou, em entrevista coletiva, que a atuação de Araújo à frente da pasta está “muito aquém” do desejado. “Muito além da personificação, o que se tem que mudar é a política externa. As relações internacionais precisam ser mais presentes, em um ambiente de maior diplomacia. É algo que está evidenciado a todos, não só no Congresso, mas a todos os brasileiros que enxergam a necessidade de o Brasil ter uma representatividade externa melhor do que tem hoje”, disse Pacheco.


Fonte: Jovem Pan

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