Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou a existência de operações suspeitas envolvendo o escritório de advocacia que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é sócio, e ao menos dois servidores públicos, informou a Polícia Federal ao Supremo Tribunal Federal (STF). Salles é um dos alvos da Operação Akuanduba, deflagrada nesta quarta-feira, 19, para investigar a exportação de madeira ilegal. A ação da PF foi autorizada pelo ministro do Supremo, Alexandre de Moraes. “A esse respeito, a representação ainda aponta a possível existência de indícios de participação do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo de Aquino Salles, em razão de comunicações ao Coaf por operações suspeitas realizadas, também nos últimos anos, por intermédio do escritório de advocacia do qual o referido Ministro de Estado é sócio”, escreveu o ministro em sua decisão. Segundo Moraes, as informações da PF indicaram “movimentação extremamente atípica” de aproximadamente R$ 14 milhões entre o início de janeiro de 2012 e o fim de junho de 2020 envolvendo o escritório de advocacia que o ministro do Meio Ambiente detêm 50% da sociedade, “situação que recomenda, por cautela, a necessidade de
maiores aprofundamentos”.
A Operação Akuanduba apura crimes contra a administração pública (corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando) praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro. O presidente do presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim, também é alvo da ação. Cerca de 160 oficiais estão nas ruas cumprindo 35 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, Pará e São Paulo. O ministro Alexandre de Moraes também determinou a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Salles. A Corte pediu, ainda, o afastamento preventivo de dez agentes públicos e que ocupavam cargos de confiança no Ibama e no Ministério do Meio Ambiente. A operação também suspendeu imediatamente um despacho do Ibama que liberou a exportação de produtos florestais sem licenças. De acordo com a PF, as investigações foram iniciadas em janeiro deste ano a partir de informações obtidas junto a autoridades estrangeiras noticiando possível desvio de conduta de servidores públicos brasileiros no processo de exportação de madeira.
Fonte: Jovem Pan