O Brasil nunca falou tanto de racismo quanto em 2020. Segundo dados do Google, o assassinato de George Floyd, asfixiado por três policiais brancos nos Estados Unidos, foi o décimo acontecimento mais procurado no buscador neste ano. Temas como “privilégio branco”, “Vidas Negras Importam” e “Como combater o racismo” bateram recordes de busca na plataforma. Casos lamentáveis, como as mortes do adolescente João Pedro Pinto, atingido pela polícia enquanto brincava dentro de casa, e de João Alberto Freitas, espancado por dois seguranças no Carrefour, motivaram as discussões sobre o assunto e impulsionaram decisões políticas, no mundo da moda e do esporte. “Inegável que no Brasil e em todo o mundo esse tema veio para a superfície, estava muito camuflado. Nós vivemos um apartheid aqui, que fica raso perante a sociedade, é como se não existisse, mas você sente isso no olhar. O termo que tenho usado é que parece que os ventos da liberdade estão soprando um pouco mais no continente americano, a partir dos protestos pela morte por George Floyd”, afirmou, em entrevista à Jovem Pan, o senador Paulo Paim (PT-RS), um dos poucos que se autodeclaram preto no Congresso.
Apesar do crescente interesse da população brasileira pelo tema, movimentos negros e o próprio senador avaliam que os avanços ainda são poucos, e as penas para os crimes de racismo, brandas. Segundo Paim, muitas vezes os assuntos caem no esquecimento. Por isso, o parlamentar apresentou no Senado uma campanha chamada Dez Medidas de Combate ao Racismo e aos Preconceitos, em que pautou dez projetos relacionados ao tema, como implementação de leis que tratam do ensino e da valorização da história do negro e do índio no Brasil e um PL que tipifica como crime de racismo a injúria racial. A Coalizão Negra por Direitos, que reúne 150 entidades, pontua que o ano de 2020 foi marcado por inúmeros casos de violência policial contra pessoas negras por toda a América, citando as vidas perdidas de Breonna Taylor, George Floyd, João Pedro, Anderson Arboleda, Julian Mauricio Gonzalez, Alexander Martínez, Emily e Rebeca Rodrigues dos Santos. “O racismo deve ser rechaçado em todo o mundo. O brutal assassinato de George Floyd demonstra isso, com as revoltas, manifestações e insurreições nas ruas e a exigência de justiça racial. No Brasil, nos solidarizamos com essa luta e com esses protestos e reivindicamos justiça para todos os nossos jovens e para a população negra”, escreveu o grupo em manifesto online.
Fonte: Jovem Pan