Na última quinta-feira, 17, a Semana de Arte Moderna de 1922 completou 100 anos. A série de eventos aconteceu no Theatro Municipal de São Paulo entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922. O movimento teve poetas, escritores, escultores, pintores e jornalistas da elite paulistana como personagens principais e tinha como objetivo mudar a cara da arte brasileira que até então vivia sob influência das vanguardas artísticas europeias por causa da colonização. Diversos nomes importantes da cultura brasileira na época foram protagonistas do evento, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Menotti del Pichia e Zina Aita, além de Manoel Bandeira, que não participou diretamente, mas teve sua obra lida no local. Segundo Sibele Siqueira dos Santos, professora de Arte e História da Rede Pública de São Paulo, a semana de Arte Moderna de 1922 foi essencial para “abrir as portas para a arte brasileira” e para o reconhecimento dos nomes que, hoje, estão entre os maiores de nossa história.
“Se a gente não tivesse tido uma semana de 22, uma Anita Malfatti que levantasse o estandarte do movimento modernista, do expressionismo, uma Tarsila, um Oswald, um Mário de Andrade, o Brasil não reconheceria sua própria cultura. Isso porque muitas obras feitas pelos artistas da Semana de 22 e muitas das poesias e textos trazem em si toda essa cultura que fica muita vezes escondida porque é de uma cidade do interior ou é de uma língua que a gente não fala. Hoje, a gente tem uma pluralidade cultural muito grande”, diz Sibele. “Hoje, o artista brasileiro pode ser reconhecido, ao meu ver, graças aos eventos que ocorreram durante a semana de 22, porque ela foi a forma dos artistas falarem que sabem produzir uma arte ‘que é nossa’ e que sabiam falar do próprio país, mesmo influenciados pelas estéticas da vanguardas da Europa”, completa.
Como professora de artes, Sibele também afirma que é importante que a Semana de 22 continue sendo celebrada e estudada, visto o grande impacto cultural dela para o Brasil atual. “Resgatar a memória, não só a artística de entender quem é Tarsila e de quem é Anita, mas fazer com que os alunos e com que o público em geral veja como é bonito quando temos a valorização da nacionalidade. De você poder observar uma obra que é feita por alguém que está dentro de seu país. A gente tem esses artistas, nesse primeiro momento, que são muito próximos a nós e às vezes a gente não consegue enxergar isso. Dentro do ensino e da divulgação, a Semana de 1922 e o modernismo no Brasil, no geral, é um tema que não tem que ser apagado. Não tem que ser comemorado quando completa 100 anos. Ele tem que ser comemorado todo ano, lembrado todas as vezes. Ele tem que ser estudado e relido de várias formas”, concluiu a docente.