Sirenes de ataques aéreos soaram em toda a Ucrânia antes do amanhecer desta terça-feira, 29, apesar dos negociadores ucranianos e da Rússia terem se encontrado em Istambul, na Turquia, para novas conversas em busca de um acordo de cessar-fogo. O encontro é o primeiro presencial que ocorre em três semanas, já que as partes estavam mantendo conversações por chamadas de vídeo recentemente. Kiev busca um encerramento do conflito sem comprometer o seu território ou sua soberania, mas considera fortemente aceitar uma posição neutra diante da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma das principais demandas do Kremlin.
O Ministério da Defesa da Rússia disse ainda nesta terça que atingiu um grande depósito de combustível na região de Rivne, no oeste da Ucrânia, durante a noite, a uma longa distância de qualquer confronto. “O inimigo continua a realizar vilmente ataques com mísseis e bombas na tentativa de destruir completamente a infraestrutura e as áreas residenciais das cidades ucranianas”, disse o estado-maior das forças armadas ucranianas. “(Eles) se concentram nas instalações de armazenamento de combustível para complicar a logística e criar as condições para uma crise humanitária”.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, comentou as negociações na Turquia: “Não estamos negociando pessoas, terras ou soberania. O programa mínimo será questões humanitárias, e o programa máximo é chegar a um acordo sobre um cessar-fogo”, disse em rede nacional. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que as negociações até agora não produziram nenhum progresso substancial, mas é importante que continuem pessoalmente. O presidente turco, Tayyip Erdogan, recebeu as delegações das duas nações, deu as boas-vindas e afirmou que “parar esta tragédia” era com eles. Apesar disso, um canal de TV ucraniana informou que as negociações começaram com “uma recepção fria” e nenhum aperto de mão entre os negociadores.
Imagens de dentro do palácio Dolmabahce em Istambul, onde as negociações ocorreram, mostraram o bilionário russo Roman Abramovich presente, embora não tenha ficado imediatamente claro em qual papel. Abramovich parece ter tentado agir como intermediário, inclusive durante uma viagem à Ucrânia no início do conflito, quando ele e vários negociadores ucranianos teriam adoecido.