Dados da Food and Agriculture Organization (FAO) da Organização das Nações Unidas indicam que cada brasileiro desperdiça 41 quilos de alimento por ano e que o país é um dos 10 que mais descartam comida no mundo. Ao todo, cerca de 35% da produção anual é desperdiçada. Para evitar que isso aconteça, o supermercado Vanessa, em São Paulo, adota há alguns anos uma atitude muito bacana: eles compram alimentos próximos ao vencimento que teriam o destino descarte e revendem por um preço bem abaixo do normal. Vanessa Primarano, uma das sócias do supermercado, diz que o desperdício é quase zero, porque, com os preços bem baixos, não acaba sobrando nada. “Aqui a gente não deixa estragar nada. A gente dá conta de tudo, porque nós estamos há muito tempo já no mercado, nós somos conhecidos por vender produtos perto do vencimento. Então, vamos supor, se o produto ele está vencendo e não está saindo, abaixamos mais o preço. Tem produtos que vence de sete a 15 dias. Acontece também algumas promoções de produtos que vencem em quatro dias. Tudo depende, depende da negociação. Quanto menor o prazo de validade, mais barato fica”, detalha Vanessa.
Por exemplo, o quilo do bife de chorizo Bassi está saindo por R$ 50 nesse supermercado e vai vencer no final de agosto. Normalmente essa peça saí entre R$70 e R$ 75 na indústria. A grande promoção da semana e do dia são cinco quilos de salsicha, convencimento para essa sexta-feira, no valor de R$ 24,90. O da indústria sai por R$ 45. O gerente comercial Paulo Souza levou a salsicha. “Hoje vai ter salsicha para todo mundo. A gente vem sempre aqui e tem sempre mercadoria boa, de qualidade. Como é perto de casa, nós sempre passamos para pegar as promoções”, relata Souza. O que facilita a vida da dona do supermercado é, por exemplo, o aplicativo Souk, um marketplace que conecta a indústria aos varejistas 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Na plataforma, as degustações acontecem em um modelo de leilão com atribuição de valor feita pelos compradores, como explica um dos sócios do aplicativo, Roberto Angelino Filho.” O varejo que está conectado na plataforma pode comprar produtos em várias faixas de validade. O que é crítico para a indústria é que, por exemplo, quando você pega uma indústria de proteína animal, um peito de peru, no caso, tem 90 dias de validade. Quando ele está a 45 dias de vencer, a indústria já fica muito preocupada, porque a cadeia é tão longa que até sair do estoque da indústria e chegar aqui na gôndola, demora muito tempo. Mas quando você consegue disponibilizar esse produto para milhares de varejos ao mesmo tempo, você consegue escoar e muito mais rapidamente”, explica. Criado em 2018, Souk que opera em todo o Brasil e tem mais de 23 mil varejistas cadastrados. O marketplace comercializa 2,5 mil toneladas em média de produtos por mês com ticket médio de R$ 2 mil.
*Com informações do repórter Victor Moraes