Após tomar o poder à força no Afeganistão, o Talibã trabalha para mostrar ao mundo que não é mais a organização que aterrorizou o país do Oriente Médio entre 1996 e 2001. Calcado em uma interpretação extremista do Alcorão (o livro sagrado do Islã), o regime fundamentalista reprimiu principalmente as mulheres, que, entre outras restrições, não podiam usar vestidos ou maquiagem, eram impedidas de estudar, trabalhar ou sair às ruas sem uma presença masculina. A comunidade internacional acredita que muitos direitos conquistados por elas nas últimas duas décadas irão por água abaixo com a volta dos talibãs. O grupo, no entanto, diz que não haverá retrocessos.
“Vamos permitir que as mulheres trabalhem e estudem dentro de nossas estruturas. As mulheres serão muito ativas em nossa sociedade, de acordo com a lei”, disse Zabihullah Mujahid, porta-voz do Talibã, em entrevista coletiva. O grupo diz ainda que deseja que as mulheres façam parte da nova estrutura de poder do Afeganistão. Em uma tentativa de fazer o movimento parecer moderado, um líder talibã ligou para Yalda Hakim, apresentadora da BBC que deixou o país ainda criança para viver na Austrália, e fez promessas que apontam para a paz. “Não queremos confusão. Garantimos ao povo do Afeganistão, na cidade de Cabul, que suas propriedades e suas vidas estão seguras.” São raras as entrevistas de líderes do Talibã a jornalistas mulheres.
Yalda: Will (your justice system) include the amputation of hands and feet?
Taliban spox: I can’t say right now.— Stephanie Hegarty (@stephhegarty) August 15, 2021
Também foram feitas promessas na direção de quem combateu o movimento extremista durante os últimos 20 anos. De acordo com a alta cúpula do Talibã, não haverá nenhuma retaliação aos soldados que serviram à guarda nacional. Um anistia geral foi anunciada. “Queremos assegurar que o Afeganistão não seja mais um campo de batalha. Perdoamos todos aqueles que lutaram contra nós, as animosidades acabaram. Não queremos inimigos externos nem internos”, declarou Mujahid. O grupo extremista faz um apelo para que todos os cidadãos afegãos voltem aos seus afazeres cotidianos a partir de agora.
Fonte: Jovem Pan