A rotina da Karla Rocha, que nunca foi fácil, se tornou ainda mais exaustiva durante a pandemia. A enfermeira se desdobra para encarar a rotina em dois hospitais em São Paulo. “Essa superlotação dos hospitais tem trazido uma ansiedade para os pacientes que nós, como enfermagem ou equipe médica, temos que saber como lidar. Eles trazem pra nós muito medo, muita angústia. Todas as pessoas que chegam para a gente e trabalhar no setor de exames já chegam angustiados e isso tem sido muito difícil de trabalhar, a demanda aumentou bastante”, disse. Já o César Augusto encara 20 quilômetros de bicicleta todos os dias até o hospital Baía Sul, em Florianópolis, pelo amor aos pacientes. “Se eu tiver que ir a pé, de bicicleta, eu vou ir por causa do paciente, porque a gente sabe que eles precisam dos cuidados da gente. Lá tem amor, que é de alguém, não é mesmo?”
Há exatamente um ano, a Organização Mundial da Saúde(OMS) decretava a pandemia da Covid-19. Quem vê mais de perto o drama causado por uma doença que já infectou milhões de pessoas são os profissionais da saúde, ao lado de quem luta pela própria vida. Em muitos casos, os relatos de médicos e enfermeiros se repetem: estamos em uma guerra. A coordenadora da UTI do hospital Beneficiência Portuguesa em São Paulo, Viviane Cordeiro, lida com essa realidade todos dias. “Nosso cenário é um cenário muito desgastante, é um cenário, novamente, com as nossas instituições lotadas, com perfil de gravidade desses pacientes muito alto novamente e um número muito expressivo de pacientes mais jovens”, afirmou. A cardiologista e professora de medicina da USP, Ludhmila Hajjar, vê de perto o “esforço sobre-humano” dos colegas. “Só Deus na vida da gente para nos dar forças e a motivação que é muito grande. Sempre digo que há alguns meses eu não durmo, eu encosto. O telefone toca o tempo inteiro, a gente está super estressado, se alimenta mal, dorme mal, estamos sob pressão.”
Fonte: Jovem Pan