Vacina da Pfizer: por que o Brasil adota três meses entre doses e não segue indicação de 21 dias?

Um dos estudos apontou para 80% de efetividade da vacina na redução do risco de hospitalização com apenas uma dose em idosos

O Ministério da Saúde orientou, em documento divulgado nesta segunda-feira, 3, que as duas doses da vacina da Pfizer sejam aplicadas com um intervalo de doze semanadas. Esse, entretanto, não é o período recomendado pela Pfizer — em janeiro, o laboratório afirmou que só pode garantir a eficácia da vacina se ela for aplicada com 21 dias de espaçamento. O intervalo sugerido pela fabricante é o mesmo defendido pela Organização Mundial da Saúde. A entidade admite uma ampliação para, no máximo, até 42 dias. Para justificar a decisão, o Ministério da Saúde informou que adota o mesmo intervalo usado no Reino Unido, que ampliou o prazo com base em estudos que constataram que o imunizante confere um certo nível de proteção mesmo com apenas uma dose. Um dos estudos apontou para 80% de efetividade da vacina na redução do risco de hospitalização com apenas uma dose em idosos de 70 anos ou mais.

De acordo com o infectologista Renato Kfouri, a decisão da pasta é correta. “Foi baseada em evidências de países que já utilizam, como o Reino Unido, um intervalo maior. Da eficácia da vacina já demonstrada com uma única dose e em função também das questões logísticas. Nós armazenarmos uma vacina por longos períodos, como três ou quatro semanas, considerando a instabilidade térmica, dá risco maior para perdas por questões de temperatura.” Uma segunda pesquisa, publicada na revista científica The Lancet, apontou que a vacina reduziu em 75% a transmissão do coronavírus e em 85% dos casos sintomáticos de Covid-19 menos de um mês após a aplicação da primeira dose. Um terceiro estudo mostrou, ainda, que a transmissão da doença cai pela metade com apenas uma dose das vacinas da Pfizer ou da AstraZeneca/Oxford.

*Com informações da repórter Caterina Achutti


Fonte: Jovem Pan

Comentários