É inegável que tudo o que gira em torno do Corinthians gera grande repercussão. E com as recentes contratações não é diferente. Após os anúncios de Giuliano, Renato Augusto, Roger Guedes e o acordo firmado desde o último sábado, 28, com Willian, o Corinthians se tornou o principal protagonista desta janela de transferências. Mas, afinal, isso é bom ou ruim? O Corinthians tem como bancar todos esses reforços? De onde o Corinthians tirou tanto dinheiro depois dos recentes anúncios de dívidas astronômicas do clube, beirando inclusive R$ 1 bilhão, fora a Neo Química Arena? Para entender o movimento feito pelo clube é necessário traçar uma linha do tempo, não muito distante, desde a chegada de Duílio Monteiro Alves à presidência.
???? FECHADO! Willian rescindiu contrato com o Arsenal e é o novo jogador do Corinthians. Só falta a assinatura do contrato. Atacante retorna ao clube 14 anos depois.
— Caique Silva (@silvapcaique) August 28, 2021
O que a diretoria atual encontrou ao assumir o clube foi basicamente terra arrasada. De 2010 a 2020, a dívida do Corinthians subiu de R$ 121 milhões para R$ 957 milhões. Em um período ainda mais curto, de 2017 a 2020, aconteceu o maior salto. A dívida do clube saiu da casa dos R$ 400 milhões para se aproximar de R$ 1 bilhão. É bem verdade que o grupo político no comando do Corinthians em todo esse período é o mesmo, formado por Mário Gobbi, Roberto de Andrade, Andrés Sanchez e Duílio, da chapa “Renovação e Transparência”. Mesmo grupo, ideias distintas. Ao menos é isso que parece até o momento da publicação desta matéria. Enquanto com Andrés a dívida teve o maior salto, com o atual presidente a filosofia é de contenção de gastos. Dentro de campo, a situação financeira caótica começou a ser evidenciada na temporada 2021. Sem dinheiro para contratar e eliminado na semifinal do Campeonato Paulista, na primeira fase da Copa Sul-Americana e na segunda fase da Copa do Brasil, o frágil time do Corinthians despertou a ira da torcida, que promoveu uma série de protestos contra a diretoria e o elenco.
“Fora todo mundo! Diretoria omissa, elenco vagabundo” pic.twitter.com/mvu90ECMEb
— Caique Silva (@silvapcaique) June 19, 2021
Do lado de dentro do clube, as declarações sempre foram alinhadas. Duílio, Roberto de Andrade e Alessandro mantiveram o discurso de que o lado financeiro estava sendo ajustado para que fosse possível ir ao mercado de maneira pontual. O que estava prometido em palavras acabou saindo do papel nesta janela de transferências. Um Corinthians ativo, de olho nas oportunidades de mercado, principalmente com jogadores sem vínculo com os antigos clubes. Foi assim com o quarteto recentemente contratado. Para que contratações pontuais fossem feitas, o trabalho da diretoria se concentrou principalmente na redução da folha salarial e dispensa em massa de atletas que não seriam aproveitados dentro de campo. A primeira lista de dispensa foi feita com Vagner Mancini, comandante técnico na época. Sylvinho chegou na sequência com a árdua missão de trabalhar com um elenco com limitações, além de prosseguir com o planejamento da temporada de dispensa de atletas.
Ao todo, entre elenco profissional e sub-23, foram mais de 45 jogadores negociados, com uma redução da folha salarial em torno de R$ 5 milhões por mês. Com as contratações feitas nesta janela e as declarações recentes do Diretor financeiro Wesley Melo, a folha salarial do Corinthians, que antes era de quase R$ 15 milhões mensais, agora será de algo em torno de R$ 11 milhões. Mesmo com atletas de nomes badalados no elenco, o Corinthians registrará em 2021 uma redução de 25% em salários pagos. Para ilustrar a movimentação feita pela diretoria, enumeramos as negociações do elenco principal que resultaram na redução da folha salarial e a possibilidade da diretoria ir ao mercado em busca de reforços:
Saídas em definitivo
- Cazares (Fluminense)
- Marllon (Cuiabá)
- Camacho (Santos)
- Jemerson (fim de contrato)
- Otero (fim de contrato)
Saídas por empréstimo
- Michel Macedo (Juventude)
- Everaldo (Sport)
- Jonathan Cafú (Cuiabá)
- Walter (Cuiabá)
- Éderson (Fortaleza)
- Davó (Guarani)
- Bruno Méndez (Internacional)
- Ramiro (Al Wasl)
- Mateus Vital (Panathinaikos)
- Léo Natel (Apoel)
Empréstimos que se mantiveram em 2021
- Matheus Jesus (Red Bull Bragantino e Juventude)
- Caetano (CRB)
- Janderson (Atlético-GO)
- André Luís (Atlético-GO)
- Richard (Athletico)
- Madson (Santa Cruz)
- Sornoza (Independiente Del Valle)
- Nathan Palafoz (Racing Club de Ferrol)
- Fessin* (Ponte Preta)
*Corinthians paga o salário integral do atleta para honrar uma dívida com a Ponte Preta sobre a contratação do lateral direito Matheus Alexandre
Chegadas
- Caique França (retorno de empréstimo do Oeste)
- João Victor (retorno de empréstimo do Atlético-GO)
- Marquinhos (retorno de empréstimo do Sport)
- Thiaguinho (retorno de empréstimo da Inter de Limeira)
- Giuliano (livre no mercado)
- Renato Augusto (livre no mercado)
- Roger Guedes (livre no mercado)
- Willian (livre no mercado)
Com a folha salarial desinchada e a redução grande do número de atletas, o Corinthians se lançou ao mercado de forma pontual e certeira. Nomes como Giuliano, Renato Augusto, Roger Guedes e Willian elevam o patamar de qualquer time. Com a crise financeira e a dívida que o clube tem, a busca por parceiros comerciais e patrocinadores é algo que a diretoria também tem feito. Sem um time minimamente competitivo e com a iminente volta do público aos estádios em breve, a situação financeira poderia ser agravar ainda mais. O torcedor tem consciência disso, até por isso se anima com a chegada de reforços e o esforço que a administração do clube tem feito nos últimos meses.
Fonte: Jovem Pan