A cidade de Mariupol, na Ucrânia, tem sido um dos principais alvos das tropas russas, a razão: servir de ponte terrestre da Crimeia para os territórios sob controle russo no norte e leste. Enquanto os bombardeios acontecem, centenas de milhares de pessoas tentam sobreviver, incluindo crianças que foram atingidas por ataques que aconteceram na região. Uma menina de 13 anos foi levada para o hospital pediátrico de Zaporizhzhya após ser atingida por um disparo no peito quando tentava sair com sua família de Mariupol. A bala causou danos na boca, na língua e em várias vértebras.
A sorte da menina de 13 anos não é algo para todos, outras crianças que estão no local ficaram com mais hematomas. Segundo o médico-chefe, Iouryi Borzenk, ela vai se recuperar, entretanto, há outras crianças que estão com ”lesões na cabeça, amputações, abdômens perfurados e fraturas ósseas” e a maioria que chega fica deficiente por toda a vida. Um menino de 5 anos divide o leito com a mais velha. Ele está entre a vida e a morte após ter sido atingido no abdômen quando fugia com sua família do avanço das tropas russas em direção ao povoado de Polohy. Os médicos temem que ele não sobreviva à noite. Se conseguir, vai ter que carregar uma bolsa de drenagem por toda vida. O menino está sozinho, porque seus familiares ficaram gravemente feridos e estão sendo tratados em um outro hospital.
Na noite de terça-feira, 22, o presidente Volodymyr Zelensky informou que mais de 100 mil habitantes estão encurralados em Mariupol, presos em sótãos e privadas de tudo, e que as ruas estavam cheias de cadáveres. Segundo uma informação compartilhada pela encarregada de direitos humanos do Parlamento ucraniano, Liudmila Denissova, desde o início do conflito, 121 crianças foram mortas, e 167 ficaram feridas, segundo a contagem feita nesta quarta-feira, 23. Os casos mais graves foram retirados da unidade neonatal de cuidados intensivos e abrigados no sótão, já que os equipamentos dos quais necessitam não podem ser transladados rapidamente. É o caso de uma bebê de apenas duas semanas, que ficou sem oxigênio após sofrer complicações durante o parto. A pequena tem problemas respiratórios e lesões cerebrais que podem incapacitá-la para sempre.
A cidade de Zaporizhzhya, local para qual as crianças estão sendo levadas, continua sendo relativamente segura, por mais que explosões sejam ouvidas de longe. Nas janelas do hospital pediátrico, que já acolhia crianças nas feridas desde 2014 – conflito de Donbass -, foram colocadas fitas adesivas amarelas para evitar que os estilhaços voem em caso de explosão nas proximidades. Sacos de areia foram empilhados nas esquinas, e se instalou um abrigo no sótão, com camas de metal onde as mães podem amamentar seus bebês.
*Com informações da AFP