O Brasil, um dos países mais ricos em água doce do mundo, está secando. Em 35 anos, a redução no volume de rios, lagos e represas chegou a 15%. São três milhões de hectares a menos, o equivalente a quatro vezes o Estado do Rio de Janeiro. Para chegar a essa conclusão, pesquisadores do Mapbiomas, projeto de mapeamento anual do uso e cobertura da terra no Brasil, analisaram imagens de satélite observando as mudanças mensais registradas desde 1985 até 2020. Segundo o estudo, a seca não poupa nenhuma região: das 12 principais bacias hidrográficas, nove estão diminuindo. As cheias não estão sendo suficientes para recuperar o volume de águas e, segundo o coordenador geral do Mapbiomas, Tasso Azevedo, o cenário não é sazonal, mas uma tendência de longo prazo. “Nessa velocidade, a gente chegaria na metade do século tendo perdido um quarto da superfície de água do país. Então, a crise hídrica que nós vemos hoje se multiplicaria muito. É fundamental a gente cuidar desses recursos”, afirma.
O pesquisador elenca três os principais motivos: aumento da temperatura da terra por conta das emissões de gases tem propiciado períodos de seca mais extensos; desmatamento das áreas de mananciais e da cobertura vegetal segura da água. Sem ela, a chuva corre muito rápido, causando erosão e deslizamento de terra. Por último: o desmatamento na Amazônia. “No Brasil, a chuva é muito dependente do que acontece na Amazônia. Ela é uma espécie de caixa d’ água, é dali que as arvores retiram a água, bombeiam água para atmosfera e essa água vai chover no Pantanal, na região Centro-Sul do Brasil. São Paulo, Mato Grosso, dependem muito da chuva que vem da Amazônia”, pontua.
Fonte: Jovem Pan