Em seu depoimento à CPI da Covid-19, o tenente-coronel do Exército Marcelo Blanco, ex-assessor do departamento de Logística do Ministério da Saúde, afirmou que tratou com o policial militar Luiz Paulo Dominguetti sobre a compra de vacinas para a iniciativa privada. Ele admitiu que levou Dominguetti, que se apresentou como vendedor da Davati Medical Supply, para um jantar com o então diretor da pasta Roberto Ferreira Dias em um restaurante em Brasília, mas negou que seu superior tenha pedido propina de US$ 1 para cada uma das 400 milhões de doses negociadas. O depoente estava amparado por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe permitia ficar em silêncio em questões que pudessem incriminá-lo, mas respondeu a todos os questionamentos.
Aos senadores, Marcelo Blanco afirmou que foi procurado por Dominguetti no início de fevereiro. Segundo a sua versão, ele manteve contato com cabo da PM de Minas porque tinha interesse de negociar imunizantes com a iniciativa privada, não tendo atuado para intermediar vendas para o Ministério da Saúde. Logo no início da sessão, o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que a justificativa não fazia sentido, uma vez que o projeto de lei que permitia a doação de vacinas para entes privados só foi sancionado em 11 de março. No período da tarde, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) apontou, baseado nos dados obtidos pela CPI da Covid-19, que o depoente manteve 108 conversas telefônicas em um intervalo de um mês com Dominguetti. “Em 30 dias, o senhor trocou 108 ligações com o senhor Dominguetti. Mais interessante ainda: dessas 108 ligações , 64 foram de iniciativa sua. Ligava duas vezes por dia”, disse Vieira. “Com a formação que tem, o senhor foi incapaz em 64 ligações de sua iniciativa e mais 44 de iniciativa do senhor Dominguetti, de compreender que [Dominguetti] era um estelionatário?”, questionou o senador.
Fonte: Jovem Pan