Se os anos 2000 registraram crimes cinematográficos que entraram para a história do país, como o assassinato do casal Richthofen e a morte da menina Isabella Nardoni, 2020 marca o fim de uma década de casos que abalaram igualmente os brasileiros. Houve atentados com envolvimento de milicianos, um caso macabro de uma seita canibal, o esquartejamento do executivo de uma conhecida empresa do ramo alimentício, massacres em escolas, chacinas, mortes por descaso… Os tribunais julgaram uma série de suspeitos nestes últimos dez anos, sendo alguns deles pai, filho ou esposa da vítima. Em ordem cronológica, confira os casos que mais tiveram atenção da mídia e chocaram cidades brasileiras na década que está prestes a acabar.
2011 – Massacre de Realengo
No dia 7 de abril de 2011, o ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, entrou na instituição de ensino com dois revólveres e executou 12 adolescentes no bairro de Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro. A ocorrência foi registrada no turno da manhã, por volta das 8h, e terminou com dez meninas e dois meninos mortos, todos estudantes da escola. As vítimas tinham entre 13 e 15 anos. Segundo testemunhas, as meninas atacadas sofreram tiros em áreas vitais como a cabeça, enquanto os garotos eram alvejados nos braços e nas pernas. O atirador foi cercado por policiais, levou tiros de um sargento e cometeu suicídio em seguida. Uma carta levada por Wellington ao local do crime dava detalhes sobre como ele gostaria de ter sido enterrado. Nenhum dos pedidos foram acatados. Outros textos mostraram a predição do crime. Nesses registros, ele relatou ter sido vítima de bullying quando era aluno da instituição. Apesar de ter sido localizado pela polícia, o homem que vendeu a munição e o carregador usado pelo assassino não foi preso. O inquérito policial apontou que Wellington agiu sozinho.
2011 – Morte da juíza Patrícia Acioli
A juíza Patrícia Acioli, titular da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, foi alvejada por 21 tiros, disparados por homens a bordo uma moto, ao chegar em casa, na cidade de Niterói, no fim da noite de 11 de agosto de 2011. Ela voltava do trabalho na cidade vizinha e morreu na hora. Após uma série de investigações e comoção nacional, a polícia do Rio de Janeiro descobriu que o crime foi cometido por policiais militares que não estavam contentes com as prisões ordenadas pela juíza a milicianos de São Gonçalo. O mentor do crime, Daniel Santos Benitez Lopez, tenente da polícia, foi condenado a 36 anos de prisão. Outros dez policiais tiveram penas que variam entre 4 e 26 anos de reclusão. Os últimos réus a serem julgados foram condenados no ano de 2014. Três dos 11 policiais envolvidos na morte da juíza entraram com recurso contra o julgamento alegando “profissionalização” dos jurados e uso inconstitucional de algemas no plenário. A decisão do Superior Tribunal de Justiça, em fevereiro de 2020, foi de manter todas as prisões.
Fonte: Jovem Pan