O Senado Federal não pretende acelerar a votação do projeto que permite a empresas privadas comprar vacinas contra a Covid-19 para imunizar os próprios funcionários. Os parlamentares devem deixar para discutir na semana que vem se vão ou não pautar o texto, que foi aprovado na última quarta-feira pela Câmara dos Deputados. A proposta permite que metade das doses adquiridas por empresários seja aplicada nos trabalhadores da empresa. A outra metade deve ser repassada ao Sistema Único de Saúde (SUS). Se os imunizantes forem comprados junto a laboratórios que já venderam vacinas ao governo federal, a entrega das doses só pode ocorrer depois que as entregas ao Ministério da Saúde forem concluídas.
O líder do PSD, senador Nelsinho Trad, apresentou um projeto de lei semelhante. Ele apoia a ideia e ressalta que empresas privadas também devem adotar como referência o Plano Nacional de Imunização (PNI). “É ele que tem a forma de executar aquilo que será debatido e exaurido. Com isso, as duas filas vão acabar sendo agilizadas e a imunidade coletiva, imunidade de rebanho, passa a ficar em um horizonte mais perto para ser atingida”, disse. Porém, o projeto encontra mais resistência no Senado do que enfrentou na Câmara. Para o líder do MDB, senador Eduardo Braga, a proposta pode estimular um “vale tudo na corrida pela vacina”.
A senadora Eliziane Gama, do Cidadania, acredita que o foco deveria ser outro. “O que nós precisamos, na verdade, é ampliação de vacina. precisamos desburocratizar, precisamos que o Ministério de Relações Exteriores do Brasil saia da letargia. E não nós legalizarmos um fura fila e estabelecermos apenas para as grandes empresas, porque apenas elas terão acesso a essa compra de vacinas”, afirmou. A pedido da senadora Eliziane Gama, a comissão do Senado que acompanha o combate à Covid-19 vai fazer uma audiência pública na semana que vem para debater a aquisição de vacinas pelo setor privado. Nesta quinta, em audiência no mesmo colegiado, representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) se colocaram contra o projeto.
Fonte: Jovem Pan