As decisões recentes do Supremo Tribunal Justiça (STF) em relação ao ex-juiz Sérgio Moro estão causando perplexidade. Parlamentares, promotores e juízes temem pelo futuro do combate à corrupção no Brasil, maior legado e marca de Moro na Lava Jato. Na quinta-feira, 24, na Câmara dos Deputados, houve posicionamento em defesa do ex-juiz. Alex Manente (Cidadania-SP) lembrou no plenário que Moro foi um juiz fundamental para o país, um marco no combate à corrupção e à impunidade. “Infelizmente essa questão política, depois de três anos de pedido da suspeição, foi votada nesta tarde, finalizada pelo Supremo Tribunal Federal. É importante resguardar tudo aquilo que o Brasil conheceu através das investigações do Ministério Público, da Lava Jato e das decisões que foram tomadas com coragem pelo juiz Sérgio Moro e consolidadas na segunda instância”, afirmou o deputado. Bibo Nunes (PSL-RS) também se pronunciou firmemente contra o STF. “Se os argumentos de Moro foram tendenciosos, o STF tem obrigação de pedir que o governo devolva o dinheiro que foi apreendido. Então, todo o dinheiro que foi pego pela Polícia Federal, foi pego injustamente”, argumentou Bibo Nunes.
O senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) garante que, mesmo assim, Moro tem um mérito que jamais lhe será tirado. “Foi o primeiro brasileiro que deixou à vista de todo o país a alma patrimonialista do Brasil. Podem se apegar a tudo, podem desqualificá-lo para dizer que ele não agiu de acordo com a lei, mas não podem, de forma alguma, esconder o fato de que esse é um país feito com base na corrupção”, afirmou o parlamentar. O próprio ministro do STF, Marco Aurélio Mello, que votou favoravelmente a Moro, vê com horror a ação do judiciário após tanto resultado contra a corrupção. Eduardo André Brandão de Brito Fernandes, presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil), garante que as decisões de Moro na Lava Jato foram sempre exemplares pela fundamentação e estratégia. “Nenhum ataque que se faça hoje vai apagar esses resultados. O combate à corrupção, a busca de maior transparência dos gastos públicos, isso é um legado que fica para sempre. Quanto essas recentes decisões do Supremo Tribunal Federal, se vão afetar ou não os novos juízes que tenham casos semelhantes, eu não acredito. Acho que todos os colegas estão aptos, sabem da pressão e entendem que qualquer decisão de vulto pode gerar reação. Na quinta, inclusive, o Ministério Público Federal anunciou que os acordos de leniência firmados pela Lava Jato já ultrapassaram a parca de 6 bilhões de reais efetivamente devolvidos aos cofres públicos. Muito além das decisões jurídicas, os números e o combate à corrupção ficam registrados na história do Brasil.
*Com informações do repórter Fernando Martins
Fonte: Jovem Pan