Neste domingo, 6, o povo da Venezuela irá às urnas para escolher os 277 deputados que deverão compor a Assembleia Nacional a partir de janeiro de 2021. Nicolás Maduro aguarda ansiosamente essas eleições desde 2015, quando o último pleito fez com que os seus opositores conseguissem conquistar a maioria dos assentos do Parlamento. Na ocasião, o presidente aceitou a sua derrota, mas dessa vez ele espera – e deve conseguir – reconquistar o seu poder no Legislativo. Com base em argumentos consistentes, a oposição e a comunidade internacional estão acusando o sucessor de Hugo Chávez de orquestrar o resultado da votação. Isso porque, ao longo dos últimos meses, o Tribunal Supremo de Justiça fez “ajustes” em vários partidos de oposição, que foram entregues a diretores mais favoráveis ao governo do atual presente. A isso soma-se a compra de novas máquinas eleitorais, cuja licitação e auditoria são um mistério, e a ausência de variedade de observadores internacionais no pleito, que será acompanhado apenas por agentes russos. Na visão do especialista em relações internacionais Marcus Vinicius de Freitas, as ações de Nicolás Maduro estão causando uma “grave inexistência da viabilidade de uma oposição”.
Apesar do governo de Nicolás Maduro ser uma continuação do de Hugo Chávez, que permaneceu no poder de 1999 até a sua morte em 2013, a situação venezuelana não poderia ser mais diferente em cada mandato. Nos 14 anos em que foi presidente, Chávez se beneficiou da valorização internacional do preço do petróleo, o que lhe dava uma maior capacidade de distribuição de renda. Consequentemente, a população tinha a sensação de que o país caminhava bem e que as reformas sociais estavam tendo um impacto positivo em suas vidas. No entanto, a situação já estava se transformando completamente quando Maduro ascendeu à presidência. A queda no preço do petróleo, juntamente com as novas sanções impostas pelos Estados Unidos, levaram o país a um cenário de inflação altíssima e falta de recursos. Quem mais sofre com as consequências disso é a população: atualmente, o salário mínimo do país é de 800 mil bolívares, valor que compra apenas um quilo de arroz ou um pacote de macarrão. Também foi noticiado recentemente que, devido à crise vivida pela empresa estatal de petróleo PDVSA, os venezuelanos começaram a roubar o produto para refiná-lo e transformá-lo em gasolina de forma artesanal. Como o objetivo de Donald Trump com os embargos era “reestabelecer a democracia” no país, pode-se dizer que a medida não surtiu o efeito esperado, já que Maduro deve continuar no poder. O professor de relações internacionais Marcus Vinicius Freitas esclarece que, “historicamente, as sanções funcionam se forem aplicadas de maneira cirúrgica e a curto prazo”. Com o embargo mais longo, a Venezuela pode seguir o exemplo de Cuba, cuja família Castro sobreviveu a décadas de sanções dos Estados Unidos. O especialista alerta, ainda, que o fato das sanções levarem à dolarização da economia pode fazer com que o país se torne mais propício à passagem de recursos do narcotráfico.
Fonte: Jovem Pan