Pouco mais de cinco meses depois da primeira sessão, a CPI da Covid-19 terá a última semana de depoimentos antes da leitura e da votação do relatório do senador Renan Calheiros (MDB-AL), previstas para os dias 19 e 20 de outubro. Instalada para apurar ações e omissões do governo Jair Bolsonaro no combate à pandemia do novo coronavírus, a comissão poderia manter os trabalhos até o início do mês de novembro, mas os parlamentares que a integram avaliam que cumpriram o seu papel e já possuem elementos suficientes para apresentar um documento consistente e contundente, como definiu, nesta última semana, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Como a Jovem Pan mostrou, o parecer do emedebista deve propor o indiciamento do chefe do Executivo federal por alguns crimes, entre eles o de prevaricação. Nas três últimas oitivas, o colegiado volta ao caso VTCLog e fecha a investigação ouvindo personagens envolvidos com o caso Prevent Senior, empresa acusada de utilizar pacientes como “cobaias humanas” para o teste de medicamentos comprovadamente ineficazes para o tratamento da Covid-19.
Na terça-feira, 5, os senadores vão ouvir Raimundo Nonato Brasil, sócio da VTCLog. A empresa tem contrato com o Ministério da Saúde e é responsável por toda a logística de insumos, inclusive a de vacinas contra o coronavírus. A ideia dos parlamentares era receber Carlos Alberto de Sá, o Carlinhos, dono da companhia. Entretanto, ele apresentou um atestado médico, no qual alega estar fazendo um tratamento contra o câncer, e foi dispensado pela direção da CPI. No início do mês de setembro, o ministro Benjamin Zymler, do Tribunal de Contas da União (TCU), suspendeu um aditivo ao acordo da VTCLog com a Saúde, assinado pelo então diretor de Logística da pasta, Roberto Ferreira Dias, e apontou a possibilidade de que o acordo celebrado tenha configurado uma tentativa de fraude aos cofres públicos. Antes disso, no dia 1º de setembro, a comissão recebeu o motoboy Ivanildo Gonçalves, que admitiu ter entregado dinheiro vivo em endereços de Carlinhos. O colegiado também diz ter provas de que o funcionário pagou boletos bancários em nome de Dias.
Fonte: Jovem Pan